novembro 07, 2008

Gostos muito pessoais

Quase colado ao hostal que é a “minha casa” em BCN, tem uma vitrine colorida onde se lê:
Hamacas
Hammocks
Hamac
Hängematten

Lá dentro, un mundo de hamacas coloridas que parece não interessar os que passam apressados, indo ou vindo da Rambla. Enquanto eu, com mal disfarçada curiosidade, arrisco sempre uma mirada me perguntando qual seria o made in delas, se teriam sotaque nordestino, se seriam fabricadas no Maracanaú...e pensando no importante papel que desempenham numa cultura em que muitos nela são gerados e nascidos, dormem por toda a vida e nelas morrem e são enterrados. Aquelas são oferecidas para lazer ou mero adorno!
Apesar das inevitáveis divagações, como os demais, também prossigo, só que me prometendo pesquisar a origem daquelas palavras. Tão semelhantes em diversos idiomas e tão diferente da que usamos em português. Até hoje, nunca o fiz. Mas, por estas alturas, deixo a tarefa para o meu amigo TL, que é multilíngüe e leitor do blog. Vamos ver se ele se habilita!
Continuo me estranhando ao usar esta expressão mas, finalmente, “o tempo melhorou”. Que não se interprete como um ranço adquirido no convívio com os curitibanos que, por falta de assunto ou para não abrir a alma, adoram falar (mal) do tempo - do frio no inverno e do calor no verão. Uma bobagem até suportável, como conversa de elevador, mas que entre eles é tema recorrente...Deixa pra lá! Para evitar que eu não termine contando que, nas vezes em que, ultimamente, cruzei com algum conhecido/amigo (?) - andei subindo à Serra -, após meses ou mesmo anos, nos limitamos ao tempo que fazia ou ia fazer, contra toda e qualquer previsão metereológica!
Este meu comentário, de um certo modo, responde aos que têm me perguntado se tenho saudades de lá. (“Se as tenho, não as sinto”, como disse o português perguntado pelo médico se tinha dores. Desculpem amigos, mas não resisti.)
A estranheza, de que falava acima, consiste em usar a expressão relativa ao tempo em sentido inverso ao que tem no Ceará, onde "tempo bom" é o que chove. A mudança no tempo vem ao caso para explicar que, finalmente, voltei a dormir de rede...
Quem estiver se perguntando o significado e o valor disto é porque não sabe o que é “regaço de amante” e “colo de amigo”, para não ir mais longe e invocar o útero materno!

2 comentários:

Anônimo disse...

Ciao, bella! Acho que o TL é menos multilíngüe e mais linguarudo, como bem sabes ... De qualquer modo, ele reagiu à pergunta implícita (ou seria explícita?), porque um dia já se havia perguntado sobre isso também.
Vamos à vaca fria:
Os vocábulos hamaca (esp.), hamac (franc.), hammock (eng.), amaca (ital.), Hängematte (al.) são todos de origem caribenha, de alguma língua que se falava no Caribe quando por ali chegaram os espanhóis, que adotaram o termo. É interessante que, em alemão, há a possibilidade de uma etimologia caseira equivocada, pois há pessoas que pensam que se trataria de uma esteira (Matte) pendurada ("Hänge" viria do verbo "hängen" = pendurar). Mas mesmo o termo alemão vem, através do holandês, daquele mesmo termo adotado pelos espanhóis. Não esqueçamos que o nosso termo "maca" vem da mesma origem. Quanto à questão do tempo bom, meus alunos de português na Áustria sempre ficavam confusos quando eu dizia que, para nós, dizer "o tempo está é (!) bonito ..." significa dizer que "vai chover...". Claro que isso está restrito a nós aqui do Ceará e, quiçá, do resto do Nordeste .... Beijos do TL, leitor assíduo e ... voraz do teu blog.

Anônimo disse...

Zelita, como veio a tua memoria o nome da lojinha de "redes" aqui de Barcelona...?????? E olha que , passando por la' todo santo dia, nunca me dei conta do nome da "tienda"... Provavelmente pela pressa avassaladora do meu dia-a-dia.... Hoje irei especialmente a lojinha (e com calma).... Em tua homenagem !!!!!

Beijos mil - Fernando