Então, desde 1962, foram batizadas de havaianas as mais famosas sandálias de borracha? A informação veio com a notícia de que a fabricante está lançando um novo produto, o primeiro depois de 46 anos (serão bolsas).
46 anos? E eu que me considero tão aberta à novidades, em geral, continuo chamando as famosas sandálias de “japonesas”. Não sei se alguém sabe, eu nunca soube a procedência mas, antes de serem fabricadas aqui, chamavam-se “japonesas”, as hoje mundialmente famosas havaianas. Tinham cheiro e cores tão lindas quanto as de hoje. Ou pelo menos a gente achava. O cheiro parece que não era tido como uma qualidade, pois os primeiros comerciais das “nacionais” (para diferenciar das “japonesas”) alardeavam que elas, além de não soltar as tiras, não tinham cheiro.
Não vou confessar quantas tenho, nem que continuo atraída por cada lançamento, que olho as vitrines das lojas exclusivas com a mesma avidez que certas pessoas olham joalherias....
A minha primeira era cor de rosa. Inesquecível como o primeiro soutien. O cheirinho e a maciez hum!!! Eram ótimos. Imaginava que nunca mais ninguém no mundo usaria outro tipo de calçado!
Naquele momento em que eram raras (não lembro se eram caras), só as usava dia de domingo, para ir à missa das oito na igreja de S.Francisco. Não se espantam os que sabem que cresci (ops!) numa cidade na qual se dizia ter tantas igrejas quanto Salvador e onde a vida social das moças (leia-se, ver e ser vista, desfilar vestidos novos, (só se usava saia) penteados e maquiagens) passava não só pelo clube. Ir à missa era uma atividade social. Quando veio a reforma (com o João XXIII), ir no sábado à noite, passou a valer para o domingo. Mesmo indo no sábado,às 18 hs no Menino Deus, continuamos indo no domingo pela manhã também.
Voltando às japonesas. Antes de ter acesso ou mesmo de imaginar se podiam ser objeto de desejo, as conheci usadas por um senhor da cidade que viajava sempre e com ele trazia certas novidades...
Retornando à cidade (parece que ele trabalhava em Brasília, uma cidade recém inaugurada), ele descia a praça, na diagonal, em direção ao cinema, usando sandálias japonesas verdes e cheirando a perfume frances (décadas depois identifiquei como sendo Ma grife – doce e impróprio para aquele clima, mas era chic!).
Até então, homem usava calçado de couro, pelica, etc. Ele era ousado com suas modernas "sandálias de plástico". Em casa, ouvia meu pai dizer que era para serem usadas no banheiro.
São tão nítidas as lembranças de minha japonesa, do seu toque, da sensação de como eram macias. Para mim eram tão preciosas que cada vez que as usava, antes de guardar, achava o máximo poder lavá-las . Onde já se tinha visto uma sandália tão leve, linda e lavável? Tinha um detalhe: tendo pés minúsculos (ainda hoje não é raro ter que encomendar, sob medida), a minha querida japonesa tinha uns dois números acima do que deveria ser a minha pontuação.Eu era faceira com elas assim mesmo...
5 comentários:
Na minha infância, ao longo dos anos sessenta, e entrando também nos setenta, a gente só falava mesmo era de japonesas.
Nao sou do tempo das "japonesas" mas confesso que tenho varias "hawaianas" , de varias cores e sinto o mesmo frisson que voce quando calco um par dos meus queridos chinelos....
Havainas, acho que eram importadas, pois eram caras e dificeis.
Só os filhos dos "ricos" as usavam.
Eu, não tinha. Aliás, quando consegui o meu primeiro par, tive dificuldades em aprender a usa-las. Eras ficavam atravessada, meu calcanhar, pisava no chão.
Êta matuto...
Quanto as Igrejas, não tinhamos tantas quanto salvador. É que Salvador teria 365, uma para cada dia do ano e Sobral 30 ou 31 (uma para cada dia do mes.
Outras pessoas tb me disseram (via email) que não sabiam andar de japonesas. Não tinha pensado nisto...Qto as igrejas, considerando o tamanho da cidade eram mtas.Havia uma em cada praça e além destas as que ficavam em colégios, hospitais, abrigos, patronato, de "banda"para o rio ou ao fim de uma rua, enfim...Guardadas as devidas proporções, qual outra cidade tinha tantas igrejasqto Salvador? abr
zélinha
Zelinha,
guardo como você estas gostosas lembranças.Só que em mim elas deixaram um vazio.Pois a filha do Coletor Fiscal (de Impostos) foi quem as lançou na minha pequena cidade (Catingueira-PB).
Por mais que as tenha hoje... o vazio continua.Freud explica: È o desejo original, nunca suprido.
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