janeiro 18, 2009

Porque não me ufano

Deu na Folha que estrangeiros que vem viver aqui, ao chegar fazem aula de "jeitinho" para se adaptar ao país. Seria um “treinamento para lidar com a informalidade dos brasileiros”.
Será que alguém precisa de curso para isto? Pensemos na situação inversa. Algum país ao acolher brasileiros faz treinamento para ensiná-los, por exemplo, a serem pontuais, a não sujarem as ruas, a não serem barulhentos, a respeitarem filas, a dizerem com licença, por favor e desculpe, a não acharem que o garçom é empregado deles... dentre outras noções elementares de civilização?
A matéria relata casos de pessoas que vieram trabalhar aqui, cuja maior dificuldade que encontraram no país foram “ os brasileiros” .
Uma vergonha :“Para que estrangeiros entendam a malandragem e o "jeitinho brasileiro", uma consultora, formada e com mestrado em relações internacionais, dá aulas e treinamento para que esses "expatriados", como ela diz, aprendam a viver em São Paulo e consigam se adaptar ao Brasil e aos brasileiros.”
Há uma pesquisa com executivos "expatriados" em 110 países que revela que o Brasil é o quarto pior país do mundo para adaptação, atrás apenas de China, Índia e Rússia. Por que seria?
Pasmem :“Depois de um intensivo de dois ou três dias de aulas de história, geografia e cultura brasileira, os treinandos vão às ruas para aprender a andar de ônibus e de metrô” . O que tem de diferente em nosso metrô?!
Ou seriam aulas práticas de jeitinho? De como furar filas, atravessar fora da faixa, não respeitar o sinal fechado, oferecer propina para o guarda, jogar lixo na rua? Deve ter muito mais " traços culturais" que fazem parte do repertório de comportamento a ser aprendido.
Para alguns dos treinandos , o trânsito e a violência seriam os dois maiores problemas. Para outros, a falta de comprometimento dos brasileiros é uma das primeiras lições a ser aprendida.
Eles ainda não viram foi nada!!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Jeitinho é também improvisação, approach,savoir-faire, é segurar a onda ante o imprevisto, inverter o curso natural da vida. É ser filha do Boanerges, que, pobre de Jó, foi soldado da borracha, mata mosquito, comeu cobra para sobreviver, criou doze filhos sem emprego fixo.É passar seleção natural. E com esse jeitinho vou cá lambendo minha rapadura, certa de que agüento campo de concentração e ainda saio gorda e corada. I will survive.

Lúcia

Anônimo disse...

Na verdade, estou impressionado, como uma pessoa que conseguiu "se mudar pra estrelas", consegue ver com tanta clareza estas mazelas, que poluem a mente dos brasileiros. E olha que não mora mais no nordeste, onde a jeitinho brasileiro (acrescente-se a falta de educação), a lei de Gerson e outras cositas mas, aqui campeia, livre, leve e solta, Tão comum, por estas bandas, que nos surpreende quando ouvimos, um Bom dia; por favor e muito menos um muito obrigado. E ainda tens a pretenção, de sonhar, mesmo de leve, de um dia voltar ao Ceará? Não acredito.