maio 30, 2008

SIBILAS

Sibilas é um grupo de personagens da mitologia greco-romana, descritas como mulheres que possuem poderes proféticos sob inspiração de Apolo.
Esta é Dafne, a sibila délfica, uma das cinco retratadas por Michelangelo, no teto da Capela Sistina.

A SIBILA é o título do livro da escritora portuguesa Agustina Bessa Luis. Trata-se de uma interessante estória em que, ainda que não se perceba qualquer denúncia social, ficam subentendidas as disparidades sociais e econômicas que envolvem suas personagens. Da mesma forma que, sem qualquer pretensão de pioneirismo ou modernidade (foi lançado em 1954, ), as personagens femininas têm em relação aos homens, sejam eles pais, maridos, filhos ou irmãos, uma atitude de compreensão e tolerância reveladora de uma sutil, porém indiscutível, superioridade. Como se deles nada pudessem esperar, como se houvesse o entendimento tácito de que homens são assim mesmo, de algum modo, fracos. A oposição entre homens e mulheres fica evidente no texto e implicitamente há supremacia das mulheres, na medida em que elas é que conseguem sustentar a linhagem da família.
A "sibila" é Quina. Ela era "...a primeira a auscultar uma conduta estranha, um gesto, uma palavra que não era prevista, um passo que fugiu do equilíbrio, uma decisão falhada....O imponderável nas criaturas para ela era motivado pela influência de espíritos favoráveis ou malignos , sombras manifestas do além".
Embrenhava-se nos fenômenos da natureza humana, com suas causas e efeitos e tinha uma sabedoria profunda acerca da consciência, do instinto e das forças telúricas. Sabia qual reação correspondia a determinada pessoa diante de determinado fato, adivinhava-lhe o pensamento ... Aos poucos, ganhou o título de adivinha e nunca soube até que ponto a sua condição espiritual era poderosa. Para ela o amor é um estado de lucidez e vidência. "Aquele que ama é implacável ; e só as almas mornas e indiferentes encontram no seu semelhante uma justificação de misérias e, perdoando-lhes, exigem o seu próprio perdão."
Suas capacidades sibilinas, já eram previstas pela mancha de nascença que apresentava no pulso, mas começaram a ser desenvolvidas e notadas quando, ainda adolescente, foi acometida de uma grave doença e todos pensaram que iria morrer. A partir desse incidente, Quina percebe que pode exercer alguma influência sobre as pessoas que a cercam e com independência e auto-suficiência, reverteu a ordem vigente no seu tempo, buscou a realização de seus próprios anseios, não se sujeitando a ter a sobrevivência condicionada a um casamento.
Inspirada ou não por Apolo, a premiadíssima Agustina Bessa Luis, ela própria uma Sibila, é considerada a mais poderosa prosadora das letras portuguesas.

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