Me deixas louca
A diva em sua última apresentação na TV
O PESO OU A LEVEZA?
Não acreditava possível, mas cheguei à fase de releituras. A falta de pressa me permite certos prazeres...Assim, a cada pelo menos dois ou tres livros novos releio um outro. Acabei de reler A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER (me dei conta de que não conheço outro autor checo além do Kundera).
Tendo como pano de fundo o episódio que ficou conhecido como "Primavera de Praga" - quando os soviéticos invadiram a, então Checoslováquia, em 1968 - o enredo, altamente sensual e conflituoso, faz uma espécie de analogia com o que ocorria no país. A versão cinematográfica não ficou à altura .
A história não é narrada de forma linear: na primeira parte somos envolvidos pela libertinagem de Tomas, depois entramos no mundo conflituoso de Teresa, seguido pela vida descompromissada da sensual Sabina.
O tema principal se concentra em torno de dois conceitos:o do peso e o da leveza.Tomas vive de uma forma que a sua leveza (não viver em plenitude )o leva ao vazio . Do outro lado, está o peso de Teresa que vê a vida com um certo amargor, como um fardo a ser carregado.
Este contraste faz todo o sentido ante a situação enfrentada pelo país na época: envolver-se com o peso da repressão e contestá-la? Ou ser submisso e leve?
"(...)Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez, sem preparação. Como se o ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro(...)"
O autor nega a idéia do eterno retorno, ou seja, que todos os acontecimentos, da vida de cada um e da história da humanidade, irão repetir-se inúmeras vezes; que tudo o que acontece já aconteceu antes e irá se repetir. Para Milan Kundera, o eterno retorno é o mais pesado dos fardos e a ausência total de fardo faz com que os movimentos humanos sejam tão livres quanto insignificantes.
Fiz bem em lê-lo de novo!
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