dezembro 18, 2007

Domingo, amigos e Clarice

Encontrei domingo ( em jantar na casa de amigos comuns), o José Castello. (Não o via, desde o seminário promovido pelo sindicato dos jornalistas, a propósito dos 500 anos do Brasil, em participação brilhante, ao lado da Tizuko, do Natchergaele e do Tom Zé, dentre outros). Castello, além de escritor, jornalista, crítico literário, é um dos maiores especialistas na obra de Clarice.
Para mim, simples mortal, fã de ambos, foi uma delícia encontrá-lo.
Castello considera explorar a literatura de Clarice uma aventura arriscada e perturbadora. E, por isso mesmo, obrigatória.
Não aceita (óbvio!) o lugar-comum que define Clarice como um escritora hermética e entende que ela apenas expandiu seus limites e mostrou que a realidade é algo muito mais amplo, complexo e perturbador do que nossas vidinhas cotidianas e interesses imediatos.
Segundo ele, que considera A Hora da Estrela seu livro-testamento ( diga aí Lucinha!) o que ela questiona é a pretensão realista de dar conta do mundo , de capturá-lo e retratá-lo. O real que é aquilo que sempre nos ultrapassa, aquilo diante de que sempre fracassamos e aquilo que nos torna humanos.
Na sua visão, com a qual só nos resta concordar, o século 21 é o século das editoras profissionais, dos grandes best-sellers , de uma literatura feita na base do raciocínio do custo-benefício, da literatura-mercadoria.
Daí ser tão importante ler Clarice hoje: seus livros “desprofissionalizam “ a literatura e fazem dela o que deve ser “um instrumento de interpretação e perturbação do mundo”.
E a conversa foi por aí ....

Um comentário:

Thiago disse...

OI... o domingo foi realmente mágico. Repleto de felicidades pela proximidade do natal concomitante a possibilidade de reencontro de tão agradaveis amigos. Zélia, assim como você sou fã do Castello... sempre fico muito contente com a visita dele. Espero que em 2008 nos encontremos mais e mais vezes a fim de prosearmos sobre Clarice, Vinicius, entre outros notáveis... que rodeiam nossos momentos de prazer aos domingos, com amigos e literatura. Grande beijo! Thiago