dezembro 15, 2012

A Língua Absolvida


A Língua Absolvida - História de uma juventude - mais do que um simples livro de memórias, é a descrição do descobrimento do mundo, através da linguagem e da literatura, por um dos maiores escritores contemporâneos: Elias Canetti,  que foi um romancista e ensaísta de nacionalidade turca e britânica que escrevia em alemão. 
Elias Canetti nasceu em 1905, na pequena comunidade de Ruschuk, na Bulgária. Sua família era de judeus sefardins espanhóis e sua língua materna era o ladino, um dialeto arcaico do espanhol. Em 1911 mudou-se com os pais para Manchester, na Inglaterra, onde seu pai se associara a um próspero cunhado em uma casa comercial. Lá,  recebeu as primeiras lições em inglês.
Após a morte prematura do pai, mudou-se, em 1913, com sua mãe (uma mulher culta e opressora) e seus irmãos para Viena, de onde assistiram a Primeira Guerra. Após a morte de seu pai sua mãe lhe ensinou alemão, que era a língua que falava com o seu falecido marido. 
Canetti continuou seus estudos em Zurique,  onde ficou até 1921. De lá, mudou-se para Frankfurt e depois para a Áustria. Em 1929 graduou-se em Química, na Universidade de Viena.
Fugindo da perseguição nazista, em 1938, exilou-se em Paris partindo no ano seguinte para a Inglaterra, onde passou a viver.
Trabalhava como escritor "free-lancer" e, em 1952, conseguiu cidadania britânica, mas adotou a língua alemã como sua língua literária. 
Um dos pontos mais altos de sua carreira literária foi a trilogia autobiográfica que teve início com "A Língua Absolvida", de 1977,  seguida de "Uma Luz em Meu Ouvido", de 1980 e O Jogo dos Olhos. 
"Neste livro, a vida se torna literatura. No entanto, nem vida, nem literatura sofrem com isso nenhum prejuízo. O autor não faz uma alta estilização da vida em benefício da literatura; as experiências fluem natural e organicamente no ato de narrar. O leitor vive, com clareza e humanidade raras hoje em dia, a evolução de uma cabeça que tem coração..." (Stuttgarter Zeitung).
Canetti usando de um raro poder de evocação da memória cria amplos painéis de reconstituição primorosa da história e da sociedade na qual viveu.
Escreveu além de peças de teatro, dentre outros, o romance Auto de Fé e o ensaio Massa e poder, considerados, em seus respectivos gêneros, momentos altos das letras no século XX. 
Recebeu ao longo de sua vida vários prêmios e distinções por sua obra literária. Em 1981, foi distinguido com o Prêmio Nobel de Literatura, que lhe deu reconhecimento mundial. 
Seus críticos afirmam que até então Auto de Fé  era daqueles livros que ninguém tinha lido e que diziam ser sobre um homem misterioso em uma casa cheia de livros e que a casa, uma encenação simbólica do colapso da civilização, ruiu, ou quase, rangia muito, ou algo assim.
Enquanto os nazistas estavam no poder, Canetti tinha excelentes razões para estar em Londres. No entanto, supõe-se tenha encontrado na Grã-Bretanha um contexto adequado para se tornar um nome famoso sem muitas pessoas sabendo exatamente quem ele era.
Em 1981 ao receber o Prêmio Nobel de Literatura não passava de um  refugiado suíço vienense/ búlgaro com um bigode impressionante e que era amante de Iris Murdoch. 
A partir desta época, passou a viver recluso, mas publicou ainda "O Jogo dos Olhos", em 1985, "O Coração Secreto do Relógio", em 1987, e "O Sofrimento das Moscas", em 1992.
Nota : leia mais aqui e aqui

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