Um ensaio sobre arte, filosofia e psicodelia
"Manoel de Barros gostava de dizer que a poesia deve servir como um "esticador de horizonte". William Blake queria que sua arte nos fizesse "romper a concha do prosaico", nos levando a enxergar as coisas com "as portas da percepção purificadas". E toda filosofia, diz-se desde a Grécia mais remota, é "filha do espanto" - e da angústia, eu adicionaria. A arte e a filosofia que mais me agradam agem sobre a consciência de modo a deixá-la boquiaberta. Wonderstruck.
Banalidade que sabem todos que já embarcaram numa viagem nas asas do THC ou do LSD: a consciência é expansível. Os horizontes humanos são esticáveis. É o que ocorre com a leitura de um bom poeta, que nos abra os olhos para aquilo a que antes éramos cegos; a audição de uma boa sinfonia, que nos escancara os ouvidos para aquilo que antes éramos surdos; a contemplação de alguma paisagem ou pessoa ou prodígio impressionante que nos deixe boquiabertos, aumentados em nossa vitalidade e em nossa capacidade de atenção, vencendo a triste tirania do tédio e da indiferença..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário