junho 08, 2012

Solitários - o "eu doméstico"

"Se restava qualquer dúvida de que vivemos na era do indivíduo, uma espiada nas estatísticas habitacionais confirma que sim. Há milênios as pessoas se amontoam em cavernas, choupanas de barro ou casas.
Mas, hoje em dia, um em cada quatro lares americanos é ocupado por um morador solitário; em Manhattan, a cifra chega a quase 50%. Alemanha, França, Reino Unido e Japão têm proporções ainda maiores de lares habitados por um só morador.
Há, de fato, muitas vantagens em morar sozinho: a liberdade de andar à vontade pela casa; o espaço e a solidão para recarregar as baterias num mundo tão conectado; o domínio absoluto sobre a cama.
Por outro lado, a casa de um morador só pode virar terreno fértil para excentricidades -aquilo que às vezes é chamado de "comportamento secreto do solteiro".

Está a fim de ficar na cozinha às 2h da manhã, pelado, comendo direto do pote ou bebendo na boca da garrafa? Quem vai ficar sabendo?
Correr sem sair do lugar, conversar consigo mesma em francês preparando o café da manhã , cantar no banho, só tirar do varal a roupa que vai usar, escurecer o quarto e vestir o pijama às cinco da tarde,  jamais fechar a porta do banheiro, largar um soutien no trinco da porta, ler em tempo integral durante dias a fio, ficar sem lavar a louça, raramente fazer o que se  chamaria de 'refeições'...

"O que emerge ao longo do tempo é um "eu doméstico" notavelmente diferente da personalidade que a pessoa apresenta publicamente ao resto do mundo. Todos nós temos personalidades privadas, é claro, mas quem mora sozinho passa bem mais tempo as explorando".

Vai ficando difícil abrir mão das esquisitices. Quanto mais tempo se passa morando sozinha, menos flexível a pessoa se torna- e menos capaz de levar em conta as necessidades dos outros...

Nota: Reflexões a partir do artigo de STEVEN KURUTZ ( NYT)

Um comentário:

Anônimo disse...

E como isso é verdade!