março 13, 2012

Você está apaixonado?

"Ah, a paixão. Não se trata de um mero sentimento: de acordo com a antropóloga Helen Fisher, a paixão é um estado particular de hipermotivação e atenção concentrada na pessoa querida. E transcende culturas -seus sinais são os mesmos em qualquer lugar, entre eles:
- pensamentos obsessivos e intrusivos a respeito de uma única pessoa, como se seu cérebro não conseguisse afastar sua ideia da mente;
- motivação aumentada quanto a tudo o que puder colocá-lo na presença dessa pessoa, seja atravessar a cidade à noite ou fazer mágicas para conseguir uma passagem de avião;
- necessidade diminuída de sono, pois qualquer oportunidade de ficar acordado na presença daquela pessoa (ou de sua voz, ou mesmo só de frases por chat) é imperdível;
- sensação de euforia em sua presença, acompanhada de otimismo incorrigível e um sorriso bobo no rosto;
- olhar fixado no outro, que rouba o foco da sua atenção e torna tudo o mais ao redor irrelevante;
- necessidade de tocar no outro, acompanhada de manifestações fisiológicas variadas (coração disparado, pele eletrizada) e desejo sexual irresistível;
- ideação constante sobre futuros possíveis com essa pessoa especial;
- angústia da separação, uma ansiedade terrível em resposta a meros pensamentos sobre distanciamento e, eventualmente, morte da pessoa em questão.
Quem já esteve profundamente apaixonado se reconhecerá nessa lista e quem está em dúvida pode tentar se "diagnosticar".
Pessoalmente, acho que a angústia da separação é uma maneira excelente de tirar a dúvida se o amor ou a paixão são verdadeiros. Faça uma lista mental de pessoas do seu conhecimento e, em segredo e de maneira totalmente hipotética, "mate-as" uma a uma. A morte do síndico ou de seu chefe não o deve incomodar muito; a morte de um tio talvez seja lamentável, mas suportável. Já a morte de seu filho ou daquela pessoa em especial... bingo!
A ressonância magnética hoje confirma as suspeitas de Fisher: o cérebro apaixonado tem seu sistema de recompensa e motivação, centrado no estriado ventral, hiperativado por tudo o que é direta ou vagamente relacionado ao objeto do desejo. Tudo a seu respeito é maravilhoso, desejável e certamente digno dos maiores esforços.
Conhecer suas origens no estriado ventral torna a paixão menos maravilhosa? Nem um pouco, eu diria. Se esse pedacinho de nada do meu cérebro pode me fazer sentir assim... uau!"
SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista

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