novembro 28, 2011

CHARLOTTE GAINSBOURG

"Charlotte Gainsbourg, protagonista de "Melancolia", de Lars von Trier, talvez seja mais conhecida por seu estilo estético, que tem encantado toda uma geração de mulheres jovens e elegantes.
O jeito desencanado como ela se veste durante o dia redefiniu por si só o estilo cotidiano das jovens parisienses. Esse visual, que ela cultiva desde o final da adolescência -cabelo solto, lábios sem batom segurando um cigarro, jeans, casacos, botas de caubói, camisas masculinas desabotoadas, regatas e echarpes volumosas-, é típico dos "boêmios burgueses", ou "bobos", um tipo comum na França, meio yuppie, meio hipster, que anda cuidadosamente desalinhado.
Em uma festa para "Melancolia", no mês passado em Nova York, Gainsbourg, 40, passou seus 45 minutos obrigatórios sobre o tapete vermelho, posando para fotos e respondendo aos jornalistas. Então se virou para o produtor do filme e sussurrou: "Posso ir agora? Quero ir para casa ficar com a Joe [sua filha de 3 meses]."
Gainsbourg, filha do músico Serge Gainsbourg e da atriz e cantora Jane Birkin, já recebeu duas vezes o prêmio César (o equivalente francês do Oscar), além de ter sido escolhida melhor atriz no festival de Cannes de 2009 por seu papel em "O Anticristo", de Von Trier. Os fãs da música independente também devem conhecê-la por suas colaborações com Beck e com a dupla francesa de música eletrônica Air.
"Ela é o equivalente francês a Sofia Coppola, alguém de uma família famosa, com um estilo muito legal, com quem todas as garotas de Paris querem se parecer", disse Carine Roitfeld, ex-editora da "Vogue" francesa, que pôs Gainsbourg na capa da edição de fim de ano da revista em 2007. "Ela tem um jeito de andar, com sua jaqueta de couro e o cabelo na cara, que é metade da mãe dela e metade do pai, mas que pertence inteiramente a ela."
As francesas de até 40 anos imitam seu estilo em parte porque sentem que cresceram com ela. Em 1986, aos 15 anos, Gainsbourg recebeu o César de atriz revelação por seu papel em "L'Effrontée". Seu pai então lhe deu um longo beijo na boca, e ela subiu ao palco sussurrando um tímido "merci" em meio às lágrimas. Na ocasião, usava o cabelo de menino caído no rosto, e vestia um blazer azul e calças de Agnès B. "Ela estava muitíssimo moleca então", disse Roitfeld. "Nunca uma ninfeta."
Marie-Noëlle Demay, editora-chefe da "Marie Claire" francesa, acrescentou que Gainsbourg tem uma elegância muito simples e natural. "As meninas querem se parecer com ela, porque ela não é uma bomba sexual que vai roubar o seu namorado."
A imagem da menina comum a acompanhou até depois dos 30 anos, quando protagonizou uma série de comédias românticas ambientadas em Paris. Seu cabelo então já havia crescido e era deixado solto, e seu visual sem afetação virou um tipo de uniforme urbano.
Gainsbourg se tornou também a musa de Nicolas Ghesquiere, diretor de criação da grife Balenciaga. No ano passado, ela estrelou a campanha do Balenciaga Paris, primeiro perfume da marca em 55 anos, e neste ano foi fotografada para divulgar outra fragrância da grife, a L'Essence.
A atriz fez pelo jeans na França o mesmo que Brooke Shields nos EUA 30 anos antes, transformando essa peça em uma segunda pele naturalmente sexy. Mas Gainsbourg será a última pessoa a admitir que ela é um ícone da moda. "Fico feliz se é assim, mas realmente não reflito sobre isso", afirmou. "Realmente não ligo."
Além de "Melancolia", ainda em cartaz no Brasil, Gainsbourg está lançando um álbum duplo, "Stage Whisper", em 13 de dezembro".
TIM MURPHY

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