maio 31, 2011

Direto do coração

Recebi este texto via e-mail. Reconhecendo-me nele,  em algumas passagens, quebrei a ´corrente´e trouxe-o para cá.

"Nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelos brancos ou uma barriga mais lisa.
Enquanto fui envelhecendo, tornei-me menos crítica  e mais amável comigo mesma ...
Não me censuro por comer biscoito extra,  por não fazer a minha cama ou pela  compra de algo bobo, de que  não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parecia tão ´avant garde´ no meu pátio. Tenho direito de ser desarrumada, de ser extravagante...
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até as quatro  horas e dormir até meio-dia?
Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 /70. E se , ao mesmo tempo, desejo  chorar por um amor perdido ... ?
Eu vou.
Vou andar na praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. Eles, também, vão envelhecer.
Sei que eu sou,  às vezes,  esquecida.
Mas, há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas.
Eu me recordo das coisas importantes.
Claro, ao longo dos anos, meu coração foi quebrado.
Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? 

Mas, corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão.
Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
Sou tão abençoada por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positiva. Preocupar-se menos com o que os outros pensam. 

Não me questiono mais. Ganhei o direito de estar errada.
Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velha. Me libertei.
Gosto da pessoa que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto ainda estou por aqui, não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido nem me preocupar com o que será.
Vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer)."
E, quem sabe, ainda me apaixonar!!!

Um comentário:

Valéria Santos disse...

A trilha que ora percorro rumo a senilidade me permite gozar da minha própria companhia, algo que só se experimenta com prazer, sem tristeza, sem aquela velha sensação de abandono, com o passar dos anos.