janeiro 19, 2011

ISTAMBUL memória e cidade


Istambul - antiga Constantinopla, sede do Império Bizantino - é uma cidade encravada no meio do grande dilema que se apresenta para a humanidade neste início de século - o encontro entre Ocidente e Oriente. A secularização promovida por Atatürk - herói nacional e fundador da Turquia moderna, em 1923 - baniu as roupas típicas, coibiu costumes milenares e transformou progressivamente o panorama local. 
Para Orhan Pamuk, que nasceu e passou toda a sua vida na cidade, embora os habitantes tenham cumprido as novas regras, no espírito do povo turco essa operação nunca se completou. Entre a modernização crescente e o apego ao passado, entre ter sido um império e conhecer a decadência, criou-se nos habitantes um sentimento de melancolia que permeia toda a cidade, e também este livro. Sem nunca se ater a um gênero específico - Istambul é parte autobiografia, parte ensaio e parte elegia -, Pamuk traça uma história afetiva de sua cidade e revela os personagens, as ruas e becos, os grandes e os pequenos acontecimentos que definiram sua vida. O centro de tudo é o Edifício Pamuk, construção que no início da década de 50 abrigava, espalhada em seus andares, toda a família do autor. Circulando pelos corredores do edifício, o pequeno Orhan tenta dar sentido a coisas que vê mas não entende por completo - as ausências do pai, as fotografias espalhadas pela avó, o indefectível piano que todos seus parentes têm nas casas, mas que nunca tocam. Conforme cresce, ele ganha as ruas, em longos e solitários passeios, e começa a se impregnar dessa tristeza coletiva que assombra a cidade. Mas, ao mesmo tempo em que de certo modo o oprime, Istambul fornece um repertório de imagens - as casas na beira do Bósforo, os incêndios das mansões dos paxás, as enciclopédias de curiosidades compradas em sebos - que para ele ganham enorme força simbólica, e que estarão sempre presentes em sua obra. Pamuk tira da cidade a experiência que o conduziu à arte."
Nota: O Bósforo  na  foto de AMNF. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Zelinha, vá lá e encontrará uma das cidades mais charmosas(que eu já vi). No lado asiático, os antigos palácios dos sultões esbanjam riquezas e filigranas que deixam a Europa Ocidental bouche-bée. No lado europeu, são as mesquitas, o belo museu-palácio Topkapi que inspirou o não menos belo filme homônimo (depois copiado, numa de suas partes-chave, em um dos "Missão Impossível"), a visita a uma antiquíssima cisterna etc. que dão o necessário ar oriental ao viajante do extremo ocidente. E para quem, como eu, adora bazares, os de Istambul são imensos e ricos em descobertas a serem feitas. Meu grande amigo grego, Themis, quando soube que eu ia a (nas palavras dele) "Constantinopla" antes de ir a Atenas, ouviu de mim: vou a "Bizâncio"... Beijos.
TL