dezembro 11, 2010

VARANASI

"E pensar
que enquanto brinco com idéias duvidosas,
a cidade que canto persiste
em um lugar predestinado do mundo ,
com sua topografia precisa,
povoada como um sonho"
'Benares' , JL Borges



Acabo de ler   Morte em Varanasi   que  faz parte do  livro, - embora  constitua uma narrativa independente,  Jeff em Veneza   de  Geoff Dyer.  Encerrada a sua leitura  fiquei  curiosa por  'rever' as cenas  e paisagens  descritas.  Escrevi  Varanasi no google. As imagens  com as quais terminei por montar este slide,  confirmam o quanto  Varanasi  foi bem  descrita.  Lamento que não possam retratar os (maus)  odores,  ruídos, confusão  e poeira. Enfim, o caos.   Não  encontrei  em nenhuma delas  a presença de  animais: macacos (muito à  vontade entregues à sua macaquice, contribuindo  para o clima geral de doença),  vacas (sagradas), cachorros (fonte de constante e horrorizado fascínio dos visitantes) , cabras, passarinho, burro, pato e  gansos ("em certos lugares era provável que houvesse merda até de deus"),  além das muitas pipas  e  extravagantes deuses (as) -  algumas com cabeça de elefante que viajam montados em ratos ...
 O personagem (e  narrador)  é um jornalista  ingles  que  foi enviado a Varanasi  para escrever um artigo de turismo sobre a cidade e termina  'engolido' por ela.
 "Olhei livros sobre Varanasi, mas havia mais coisas do que eu poderia ter a esperança de absorver. Era onde Shiva resolvera morar. Era onde o mundo começara.  O cruzamento (tirthas) eram sagrados, certos cruzamentos eram especialmente auspiciosos, mas toda Varanasi era um cruzamento, entre este mundo e o próximo.  Basicamente, não havia lugar na Terra  que valesse mais a pena visitar, muito embora, em certo sentido, Varanasi não fosse deste mundo....
A  totalidade do tempo estava ali - e provavelmente do espaço também.  A cidade era uma mandala, um cosmograma. Ela continha o cosmos."
....Eu não renunciei ao mundo; simplesmente fui ficando menos interessado em certos aspectos dele, menos envolvido com ele, e essa diminuição de interesse foi aos poucos correspondida. É assim que funciona. O mundo para de escolher  você; você  para de se sentir escolhido pelo mundo".
...Algumas pessoas param de acreditar que a felicidade cruzará seu caminho. A ponto de me tornar uma delas, comecei a aceitar  que meu destino era ser infeliz. Mas o que aconteceu em Varanasi foi que alguma coisa acabou eliminada da equação, de forma que não havia nada em que a infelicidade pudesse se prender. Essa alguma coisa era eu.  Eu tinha enganado o destino.....Eu realmente não quero dar a impressão de ser alguém que se   recuperou, ou se converteu, ou  despertou. Só estou dizendo que em Varanasi eu não sentia mais que estava esperando. A espera terminara. Acabara. Eu tinha me eliminado da equação."    

Cada vez  me interesso  menos em visitar a  Ìndia  e  tenho mais dificuldade em  pensar nela  como país emergente....

2 comentários:

hugo medina disse...

Não creio que a India seja apenas vísceras. Há muita miséria, mas há também uma urgente necessidade da mídia de expô-la porque rende notícia. Gostaria sim, de ir a Indida, para descobrir o lado que nao é posto. Para ver de perto o povo e sua religiosidade, mesmo sendo cotólico praticante e fervoroso. Gosto de Yoga. Tanto isso é certo que o filho de Sophie, a minha cadelinha Ilhasa se chama Shiva, que nao é outro deus senao aquele que ao dançar destroi o mundo para que este renação melhor. Compartilho, porém, a ideia de que esse tão decantado desenvolvimento da India nao passa de falácia. É ver para crer. Um dia chego lá. bjim.

hugo medina disse...

Não creio que a India seja apenas vísceras. Há muita miséria, mas há também uma urgente necessidade da mídia de expô-la porque rende notícia. Gostaria sim, de ir a Indida, para descobrir o lado que nao é posto. Para ver de perto o povo e sua religiosidade, mesmo sendo cotólico praticante e fervoroso. Gosto de Yoga. Tanto isso é certo que o filho de Sophie, a minha cadelinha Ilhasa se chama Shiva, que nao é outro deus senao aquele que ao dançar destroi o mundo para que este renação melhor. Compartilho, porém, a ideia de que esse tão decantado desenvolvimento da India nao passa de falácia. É ver para crer. Um dia chego lá. bjim.