"E pensar
que enquanto brinco com idéias duvidosas,
a cidade que canto persiste
em um lugar predestinado do mundo ,
com sua topografia precisa,
povoada como um sonho"
'Benares' , JL Borges
Acabo de ler Morte em Varanasi que faz parte do livro, - embora constitua uma narrativa independente, Jeff em Veneza de Geoff Dyer. Encerrada a sua leitura fiquei curiosa por 'rever' as cenas e paisagens descritas. Escrevi Varanasi no google. As imagens com as quais terminei por montar este slide, confirmam o quanto Varanasi foi bem descrita. Lamento que não possam retratar os (maus) odores, ruídos, confusão e poeira. Enfim, o caos. Não encontrei em nenhuma delas a presença de animais: macacos (muito à vontade entregues à sua macaquice, contribuindo para o clima geral de doença), vacas (sagradas), cachorros (fonte de constante e horrorizado fascínio dos visitantes) , cabras, passarinho, burro, pato e gansos ("em certos lugares era provável que houvesse merda até de deus"), além das muitas pipas e extravagantes deuses (as) - algumas com cabeça de elefante que viajam montados em ratos ...
O personagem (e narrador) é um jornalista ingles que foi enviado a Varanasi para escrever um artigo de turismo sobre a cidade e termina 'engolido' por ela.
"Olhei livros sobre Varanasi, mas havia mais coisas do que eu poderia ter a esperança de absorver. Era onde Shiva resolvera morar. Era onde o mundo começara. O cruzamento (tirthas) eram sagrados, certos cruzamentos eram especialmente auspiciosos, mas toda Varanasi era um cruzamento, entre este mundo e o próximo. Basicamente, não havia lugar na Terra que valesse mais a pena visitar, muito embora, em certo sentido, Varanasi não fosse deste mundo....
A totalidade do tempo estava ali - e provavelmente do espaço também. A cidade era uma mandala, um cosmograma. Ela continha o cosmos."
....Eu não renunciei ao mundo; simplesmente fui ficando menos interessado em certos aspectos dele, menos envolvido com ele, e essa diminuição de interesse foi aos poucos correspondida. É assim que funciona. O mundo para de escolher você; você para de se sentir escolhido pelo mundo".
...Algumas pessoas param de acreditar que a felicidade cruzará seu caminho. A ponto de me tornar uma delas, comecei a aceitar que meu destino era ser infeliz. Mas o que aconteceu em Varanasi foi que alguma coisa acabou eliminada da equação, de forma que não havia nada em que a infelicidade pudesse se prender. Essa alguma coisa era eu. Eu tinha enganado o destino.....Eu realmente não quero dar a impressão de ser alguém que se recuperou, ou se converteu, ou despertou. Só estou dizendo que em Varanasi eu não sentia mais que estava esperando. A espera terminara. Acabara. Eu tinha me eliminado da equação."
Cada vez me interesso menos em visitar a Ìndia e tenho mais dificuldade em pensar nela como país emergente....
2 comentários:
Não creio que a India seja apenas vísceras. Há muita miséria, mas há também uma urgente necessidade da mídia de expô-la porque rende notícia. Gostaria sim, de ir a Indida, para descobrir o lado que nao é posto. Para ver de perto o povo e sua religiosidade, mesmo sendo cotólico praticante e fervoroso. Gosto de Yoga. Tanto isso é certo que o filho de Sophie, a minha cadelinha Ilhasa se chama Shiva, que nao é outro deus senao aquele que ao dançar destroi o mundo para que este renação melhor. Compartilho, porém, a ideia de que esse tão decantado desenvolvimento da India nao passa de falácia. É ver para crer. Um dia chego lá. bjim.
Não creio que a India seja apenas vísceras. Há muita miséria, mas há também uma urgente necessidade da mídia de expô-la porque rende notícia. Gostaria sim, de ir a Indida, para descobrir o lado que nao é posto. Para ver de perto o povo e sua religiosidade, mesmo sendo cotólico praticante e fervoroso. Gosto de Yoga. Tanto isso é certo que o filho de Sophie, a minha cadelinha Ilhasa se chama Shiva, que nao é outro deus senao aquele que ao dançar destroi o mundo para que este renação melhor. Compartilho, porém, a ideia de que esse tão decantado desenvolvimento da India nao passa de falácia. É ver para crer. Um dia chego lá. bjim.
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