junho 11, 2010

O FILHO DA MÃE


Diferentemente do Chico que não foi à Budapeste para escrever o romance homônimo, Bernardo Carvalho viajou à São Petersburgo para escrever uma história de amor. Escreveu sobre o amor mais devastador que, ao suspender qualquer noção de justiça, pode dar origem às guerras: o amor entre mãe e filho.
“....As mães tem mais a ver com as guerras do que imaginam. É o contrário do que todo mundo pensa. Não pode haver guerra sem mães. Mais do que ninguém, as mães tem horror a perder (….)
Todo mundo tem mãe. Até o pior canalha, o pior carrasco. Não deixa de ser uma espécie de fanatismo.”

Em O FILHO DA MÃE , sem nunca perder de foco o motivo recorrente da maternidade e tendo como pano de fundo a guerra da Tchetchenia de 2003, volta-se à figura da mãe, retratada nas diversa estórias.
Não havia lido nada do Bernardo de Carvalho. Na semana passada, o ouvi numa entrevista/debate num programa da Antena 2 (emissora da RTP).
Agora, buscando entre os 'não lidos' da minha estante, deparei-me com este que recomendo. Havia sido deixado comigo no ano passado. Trouxe-me ótimas lembranças dos dias em que estivemos em Paris. Era primavera. Dele caíram pétalas vermelhas e o folder de uma galeria na Saint Honoré (Galerie Natalie Boldyreff!).
Na página 186, foi sublinhada pelo Huguinho :"As histórias de amor podem não ter futuro, mas têm sempre passado. É por isso que as pessoas se agarram a tudo o que as remete de volta ao que perderam".
Esta continuação fica por minha conta: " Os livros que elas leem sempre dizem respeito ao passado. Romances históricos, memórias, biografias, tudo tem que ser escrto em retrospectiva, senão não faz sentido. Ninguém quer ler o que está por vir, à beira do abismo. As pessoas precisam se agarrar ao que já conhecem. Os modernismos não podiam mesmo durar. Nem as revoluções. Ninguém vai construir uma casa à beira do abismo."


Nota: Link no título para ler o que o autor diz sobre sua obra e sua afirmação 'melodramática'.

Um comentário:

hugo medina disse...

De saudosa memória. Era Paris e primavera. Nas horas de ócio e quando nao podia ver a cidade pela janela era prazeroso me aconchegar debaixo de um cobertor surrado e furado para ler esse livro. Será que sou um filho da mãe porque leio em viagem? Melhor do que ler na casinha. Isso não é dúvida é ceteza.bjim.