junho 04, 2010

o amor é uma estupidez intermitente mas universal

"Um problema com o ser-se velho é o de julgarem que ainda devemos aprender coisas quando, na verdade, estamos a desaprendê-las , e faz todo o sentido que assim seja para que nos afundemos inconscientemente na iminência do desaparecimento. A inconsciência apaga as dores, claro, e apaga as alegrias , mas já não são muitas as alegrias e no resultado da conta é bem visto que a cabeça dos velhos se destitua da razão para que, tão de frente à morte , não entremos em pânico. A repreensão contínua passa por essa esperança imbecil de que amanhã estejamos mais espertos quando, pelas leis definidoras da vida, devemos só perder capacidades. A esperança que se deposita na criança tem que ser inversa à que se nos dirige. E quando eu fico bloqueado, tão irritado com isto sem dúvida , não é por estar imaturo e esperar vir a ser melhor, é por estar maduro de mais e ir como que apodrecendo, igual aos frutos."

Nota: Valter Hugo Máe no início do capítulo três d' A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS

2 comentários:

Sônia disse...

Nossa Zelita, quão bem escrito e apropriado é este texto!!!
Gostei!
Abraços

Anônimo disse...

Alguem pode dizer o que é que se passou neste episodio