outubro 10, 2009

Atualizando o verbo

Depois de mais de tres anos encostada voltei à lida. Não às lides.Esta é uma carreira encerrada. Entrei num mercado que além do viés de modernidade tem a sua linguagem própria que ainda não absorvi inteiramente. Nem sei se haverá tempo, necessidade ou se, de fato, me interesso. Por enquanto, tenho achado tudo muito curioso. Tem sido um laboratório para minhas observações, sobretudo em relação a como e porque (não) funciona como devia. Começa pelos arranjos que me fizeram "consultora". Seja lá o que isto siginifique, indagada sobre, já dei por mim explicando, com leveza, que seria uma 'assessoria para assuntos aleatórios'. Bom, nisto cabe quase tudo, esbarrando no meu (des) conhecimento na área técnica.Na verdade, tenho sido instigada a 'pensar' o que, modernamente, é um trabalho!
O que mais me surpreende nesta minha rentrée é constatar que as velhas coisas passaram a ter novos nomes. Seria por conta do politicamente correto? Tenho me deparado com idéias que são colocadas e, se eu vinha estranhando o agilizar, tive que me esforçar para otimizar o meu desempenho neste universo em que empresários são empreendedores, prestadores de serviços parceiros e empregados colaboradores.
Na área dos comportamentos, percebo o quanto as pessoas tem necessidade de serem ouvidas. Ter para quem falar, de preferência em certos cenários, faz diferença. Não lhes basta a mídia em geral, a web, os sites, etc para exporem as idéias que estão cansadas de repetir. Fazem uma agenda para se reunir lá, convictos de que daquele blablabla sairão as decisões com que pretendem mudar o mundo (em seu favor, eu penso). Terminam satisfeitas. Seria por marcarem presença ou pela crença de que deram a sua contribuição para com a tal das políticas públicas? Eu, que não acredito em nada, assisto a tudo com cara de paisagem, pensando entrever os jogos de interesses subjacentes, protagonistas que são de um teatro que deve continuar com o mesmo elenco, ainda que com as eventuais trocas de papéis. Só isto.
Por lá também circulam minorias que não são mais aquelas nossas velhas conhecidas. Surgiram outras e, dentre elas, os atingidos. Atingidos são pessoas ou comunidades que sofrem pelos mais variados tipos de repercussões provocadas pela instalação de qualquer empreendimento. Eles tem associações que os representam, criam foruns....etc
Onde contratados são parceiros e trabalhadores colaboram com a empresa, tudo parece suave e correto. Observo que as pessoas são chamadas à colaborar pelo modo como interagem e se comprometem. Interagir é o que há de importante. Ser comprometida também conta. Os curriculos são manipulados (ops! deve ter uma palavra 'correta' para isto) de modo a adequá-los às circunstâncias e necessidades. O resultado, me parece, é que ninguém sabe mais de quase nada! Quando teriam acontecido estas mudanças? Não foi de um dia para o outro, mas sei que estive quase para perder este bonde. Não poderia ficar fora desta!
Da área técnica, 'zona de amortecimento' me parece a melhor expressão. Para uso metafórico, claro! Se eu soubesse escrever sobre relacionamentos encontraria um bom uso para ela...

Um comentário:

Anônimo disse...

Bravo,menina !!!
Que pontaria, atingiu em pleno alvo!
Exatamente assim que vejo o politico/social/economicamente correto: um ambiente brumoso onde as meias palavras bonitas criam uma cortina para que as coisas continuem examente iguais, mais sem parecerem como tal!
e de-lhe lenha na fogueira das vaidades!
Beleza de texto!
Bia