agosto 01, 2009

Criado-mudo

Da mesma forma que a nós, aos portugas também acontece de estranhar certas expressões de nossa língua comum. Criado-mudo é uma delas. Me ocorre à lembrança enquanto olho para o meu. Caladinho, ali no canto, enquanto carrega a pilha de livros que não venho conseguindo ler. Mais de tres anos (me espantei quando fiz a conta) sem rotina,  fazendo nada, onde me convinha, voltei a ter uma rotina, um trabalho e muito no que pensar e para o que tentar arranjar solução.
Agora, me falta tempo...para tudo! Sobretudo para ler. Venho apenas 'beliscando' uns e outros, sem concentração, nem tempo para prosseguir. Me aguardam, além dos que havia despachado pelo correio de Portugal para cá: Deus: um delírio (depois que o Richard Dawkins passou por aqui na Flip, ficou 'na moda' de novo); Jerusalém, cujo autor é um jovem portugues, Gonçalo M Tavares,  que o Saramago diz escrever tão bem que “dá vontade de lhe bater”. Deste, não fui além do primeiro capítulo: uma mulher de 35 anos com uma doença terminal, perambulando pelas ruas de madrugada, em busca de uma Igreja aberta e suas experiências estranhas. Mas, se é premiadíssimo, fico pensando se devo procurar gostar... Retomarei noutro momento.
Outro que comecei foi Sagrado, um suspense policial do mesmo autor de Sobre Meninos e Lobos. É daqueles que dá para levar para o salão de beleza sem se sentir armada de intectual, mas de tão óbvio e previsível não se quer prosseguir.
No entanto, prossigo no Trem Noturno para Lisboa. Título que passou a ser uma expressão usada com o siginificado de 'querer mudar o rumo da vida'. E quem nunca pensou nisto ou em fugir para uma pasárgada qualquer? No romance, um culto professor de línguas clássicas, um dia se levanta e sai da sala de aula assustado com a súbita consciência de que o tempo se esvai. “O dia a partir do qual nada mais continuaria como antes na vida de Raimund Gregorius começou como outro dia qualquer...” Deixa sua rotina para trás e pega um trem noturno para Lisboa. Não, não vou contar porque Lisboa. Na bagagem leva apenas um livro, do portugues Amadeu de Prado que caiu em suas mãos por acaso. São reflexões sobre as variadas experiências da vida: solidão, finitude e morte, amor e amizade.
Uma ótima “ viagem”!
Pascal Mercier é o pseudônimo do autor Peter Bieri que é professor de filosofia em Berlim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Zelia, eu também não consegui passar de dez páginas do livro Jerusalém. E comprei justamente pelos comentários de Saramago. Ora pois!! Que chatice. Não tenhamos remorso. Ainda podemos escolher a leitura que nos dá prazer e ela nem precisa ser o topo da intelectualidade. Dawkins exige demais das católicas. Ele está aqui me aguardando faz tempo. E pensar que meu sobrinho de 18 anos devorou Dawkins que dei a ele de presente...increíbel!! besitos. Sonia Scaquetti

Daniel Herculano disse...

"(...)Trem Noturno para Lisboa. Título que passou a ser uma expressão usada com o siginificado de 'querer mudar o rumo da vida'. E quem nunca pensou nisto ou em fugir para uma pasárgada qualquer?"

Daniel Herculano diz: esse pensamento vem à minha mente a todo momento. Que diabos eu mesmo penso da minha vida? Pausa para reflexão... Pronto já decidi, acho que vou tomar mais uma garrafa de vinho. Rsrsrsr.