Ontem recebi um e-mail que trazia um questionário (já respondido) para que eu substituísse aquelas, por respostas pessoais, e enviasse para o remetente e para mais tantas pessoas. O objetivo era fazer com que os “amigos” ficassem se conhecendo melhor, ao revelar as cidades de que mais gostam , para onde gostariam de retornar, o que gostariam de estar fazendo naquele momento, o que viam na TV quando criança, os programas que preferem hoje, enfim , hábitos e gostos publicáveis.
O meu amigo remetente, naquele momento, gostaria de estar no sofá da casa de sua mãe, voltar à Paris, trabalhar menos, estas coisas. Ainda que não goste de correntes, pensei em ser gentil e responder. Mas estanquei logo no segundo item.Quando eu era criança não existia TV e faz anos que só vejo, casualmente, em locais públicos.
Que não assisto televisão os mais próximos sabem, mas declarado num questionário que ia circular, poderia não pegar bem. Não havendo um campo para justificativas, onde eu pudesse esclarecer que a televisão estava me deixando triste, pessimista, irritada, deprimida e que, me livrando dela, vivia bem melhor, resolvi escrever para o meu amigo e ficamos entendidos.
Ninguém imagina o alívio que foi para mim. Não encontro explicação para não haver me livrado muito antes. Nunca tive o hábito de ver novela. Estudava e depois passei a trabalhar à noite.
Houve um período, não muito longo, em que estive casada com alguém que voltava para casa, às pressas, para não perder a novela.De tanto ouvir que a minha rejeição era atitude de pseudo-intelectual e como outros comportamentos o faziam me achar pedante, passei a me sentar a seu lado durante a novela ( a que o amor nos obriga!).
Diálogos vazios, previsíveis, superficiais e infindáveis que não resolviam nada, não tiravam a trama (sempre muito boba)do ponto em que estava no capítulo anterior. Um tédio!
Com o tempo, fui me liberando da “obrigação” e pude buscar outras ocupações para o horário “nobre”. Tão nobre horário merece ser melhor aproveitado, seja para conviver com os de casa, receber/encontrar amigos, bater-papo (mesmo por telefone) ouvir música, preparar comidinhas... Qualquer coisa, longe da TV. Vale até arrumar gaveta!
Da programação dominical fazia anos que me livrara. A verdade é que sempre tive um olhar meio crítico, inclusive para o jornalismo,escancaradamente manipulado. Chegava a comentar com amigos que aquela programação não era direcionada para gente como nós.
Veio a TV a cabo. A curiosidade pelo novo durou pouco. A programação não era menos pasteurizada como parecia à primeira vista. Muitas séries (americanas!), com claque! Os talks shows, então! Cedo logo deu para perceber que ali não tinha nada para mim, mas ainda insisti por alguns anos. Afinal, se todo mundo gostava, me achava compelida a pelo menos tentar gostar também.
Deixar de ver televisão, me fez ganhar não só tempo, mas liberdade.Fiquei livre do controle remoto e da escravidão de ficar horas zapeando, procurando o que não existia, até adormecer mal humorada.
Mantendo-me distante de violências e tragédias pelo mundo afora, do nojento dia a dia da política e da mediocridade reinante, posso até dizer, como fiz aqui no título do blog,
"Vivo nas estrelas....
Um comentário:
vc deve ler o conto de abertura do livro do Sedaris "De jeans e veludo cotelê". Versa sobre o tema televisão, mas é muito irônico e seu humor é finíssimo.
Apropos livro, deixei um na sua casa para vc ler quando tiver por lá. Espero que goste!
bjs
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