setembro 12, 2008

Prazer, sou deprimida

Ao ler este artigo da psicanalista Maria Rita Kehl, publicado na Revista Mente&Cérebro (agosto/2008), pensei em apenas comentá-lo aqui no blog. Talvez por ter passado um tempo como deprimida de carteirinha, acreditando que, quem não é, foi ou será, me pareceu melhor trazê-lo na íntegra, o que permitirá que cada um tire suas próprias conclusões. Seja como for, não resisto a chamar atenção para "...o estranho conluio entre a medicina e a doença: a auto-identificação do deprimido responde às novas estratégias de vendas dos laboratórios farmacêuticos." . O resto é com você...

"Muito prazer, sou uma F34.1”. Assim a jornalista Cátia Moraes, autora de Eu tomo antidepressivo, graças a Deus!, lançado pela editora Record, manifestou o alívio que sentiu ao encontrar, na lista de sintomas elaborada pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (OMS), a descrição dos transtornos de humor que “explicavam” sua depressão.
A frase não é tão irônica quanto parece. A depressão, que muitos analistas e sociólogos consideram o sintoma mais expressivo das contradições sociais do século XXI, tornou-se, com o aval da ciência, uma prótese de identidade para os sujeitos perdidos entre as referências voláteis do mundo contemporâneo.
Do ponto de vista da psicanálise, a depressão resulta do empobrecimento da vida psíquica, sobretudo no que se refere à possibilidade de enfrentamento de conflitos. O abuso de soluções medicamentosas acaba por ser cúmplice desse encolhimento subjetivo. Daí que o avanço mercadológico dos antidepressivos não corresponda a uma diminuição dos casos de depressão. Bem ao contrário: a supressão química do sujeito do inconsciente só faz aumentar o mal-estar. A introspecção, a tristeza, o recolhimento, a contemplação – a vida do espírito, enfim – são desvios que atrapalham o rendimento de uma vida cuja qualidade se mede por critérios de eficiência, competência e disponibilidade para a diversão.
......

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Um comentário:

Anônimo disse...

Quem não passou por isso? Vou ler...