setembro 08, 2008

O SEGREDO DO GRÃO

O Segredo do Grão é uma brilhante crônica da vida de uma família árabe vivendo numa cidade portuária da França. O sonho de construir um restaurante dentro de um barco motiva o patriarca da família de imigrantes a mobilizar todos seus familiares e amigos para essa dura missão. Centrado na descrição pormenorizada das relações internas dessa grande família, suas dores, alegrias, desentendimentos, desencontros, mágoas e anseios – o filme mostra as difículdades que enfrentam os que tentam fixar raízes em terra estrangeira. O diretor Kechiche, através dessa envolvente história familiar, explora o tema da vida dos imigrantes árabes norte-africanos na França atual, como fez Fatih Akin com relação aos turcos na Alemanha, no filme Contra a Parede, que já recomendei a muitos amigos.
Ainda não assiti ao O Segredo do Grão mas, semana que passou, adquiri um livro cujo tema (falo do "tema" pois não posso confiar na memória para assegurar seja este o título) é o cinema vai à mesa. Só li um pouco dele na livraria porque comprei para dá-lo de presente e pedi para fazerem a embalagem própria. Fiquei impedida de tirar a dúvida.O livro é muito interessante.Traz, além das ilustrações dos pratos, cenas dos respectivos filmes. Tomara que ela goste, tanto quanto eu.
Embora só vá à cozinha para dar “apoio moral”aos amigos(uma grande falha), gosto muito de comer (outra!) e de cinema (será que que já deu para perceber?). Assim, a combinação gastronomia e cinema me pareceu das melhores. Convidar os amigos para um jantarzinho, seguido do filme correspondente, é um programa e tanto!
Tempos atrás, (ainda nem sabia da existência do livro sobre cinema e gastronomia), guardei nos meus alfarrábios (ops!) esta matéria, da FSP, sobre cinema, que trazia,além da descrição do clima em torno da mesa,a receita de cuscuz com ingredientes do mar d’ O SEGREDO DO GRÃO (título original La Graine et le Mulet, premiado com o Cesar 2008). Provavelmente, de tão novo, o filme não integra o livro.
Em uma mesa grande e farta, uma família almoça. Todos falam muito alto e ao mesmo tempo. Não se trata de uma casa italiana. É uma cena da comunidade árabe mostrada no filme "O Segredo do Grão", do tunisiano Abdel Kechiche.Na emocionante história, o restaurador de barcos Slimane Beiji decide abrir um restaurante flutuante cuja especialidade é o cuscuz. O prato, que tem origem no Norte da África, na região do Magreb, tem o poder de unir as pessoas em torno da cozinha e da mesa".
Inspirada pelo filme, a chef Dinah Doctors criou uma receita de cuscuz com ingredientes do mar. Um prato para comer com os olhos e com os dedos - mas só os três primeiros, como manda a tradição árabe.
Vamos ao Couscous marinho:
Ingredientes:
Cuscuz
1 pacote de cuscuz médio
Molho
100 ml de azeite
2 cebolas médias picadas
1 pimentão vermelho bem picado
6 tomates médios sem sementes e sem pele, picados
500 g de camarões médios sem casca
300 g de lula em anéis
Sal e azeite extravirgem a gosto
Infusão de açafrão
4 pistilos de açafrão
100 ml de água
Preparo
Faça o cuscuz de acordo com as instruções da embalagem e reserve. Prepare, então, a infusão de açafrão: aqueça a água e acrescente os pistilos, deixando-os descansar por 10 minutos, até que a água fique tingida. Reserve. Coloque os 100 ml de azeite numa panela com a cebola picada e refogue rapidamente. Ponha o pimentão e deixe por mais 5 minutos. Acrescente os tomates e a infusão reservada, mexa e deixe no fogo até um pouco da água evaporar. Em seguida, coloque os camarões e deixe por mais cinco minutos. Por último, acrescente a lula, acerte o sal e deixe por mais dois minutos.
Montagem
Disponha o cuscuz no centro de cada prato formando uma pirâmide. Coloque o molho em volta e, depois, regue tudo com um pouco de azeite.
Me convida que eu levo o vinho.

8 comentários:

Anônimo disse...

A primeira vez em que comi um couscous marinho foi num belo restaurante localizado na medina de Túnis, após visitar os meandros dos bazares, do souk. O coucous era todo à base de peixe, ou seja, ao invés das carnes de vaca, carneiro e frango, que são a base do couscous marroquino, o prato era composto de grandes pedaços de peixes e, como no outro, de legumes. Fiz a receita uma vez e adorei. Havia um detalhe que aqui nunca consigo pôr: eles cozinha também um marmelo dentro do molho do peixe. Na Zoropa, FRrança e Alemanha, eu ainda conseguia, mas aqui na Terra de Ninguém, nesse Porto Inseguro, nessa Fraqueza .... (sigh!) Mas estou bastante animado com esta receita que encontrei no teu blog. Beijos do teu amigo que adora rouspéter!

Anônimo disse...

Sabia que ias gostar.
A msg final (me convida...) era pra ti...:)
bjo
eu

Anônimo disse...

nem vou falar sobre o filme, belissimo, ja q v ainda nao viu;mas o q me chamou a atençao é a precariedade na qual o personagem estabelece seu fragil sonho; depois, vem todo o resto.o"mulet" é um peixe muito comum,sem grande valor gastronomico, creio q talvez equivale à nossa corvina.
ja na receita muito chic apresentada, nem aparece peixe!
nada disso! veja www.khaoula.com/cuisinemaghreb ou omachakir.canalblog.com p um verdadeiro couscous tunisien au poisson!! e nao esqueça do tempero ras el hanout!
sobre esse "marmelo" acima citado, nao sei o q pode ser.
bjs. bia

Unknown disse...

Bom, o "marmelo" (francês: "coing", alemão: "Quitte", espanhol: "membrillo" etc.) é uma fruta. No restaurate Dar Bel Hadj, localizado na Rue des Tamis, dentro da Medina de Túnis, pude conhecer a bela receita por eles preparada e que também levava marmelo no cozimento dos legumes, ou seja, no caldo com que o coucous era servido. (Antes já havia conhecido couscous feito no Marrocos e também por argelinos, além do couscous feito por amigas do Níger e do Mali, mas marmelo foi mesmo na receita tunisiana.) Naquela oportunidade, comprei, numa feira de Túnis, diversos condimentos, dentre eles a "mistura" de condimentos "Ras-el hanout" (plusieurs épices mélangées qu'on trouve ainsi préparées chez les commerçants). Também comprei dois livros de receitas tunisianas para ter, preto no branco, uma boa receita de couscous deles. E não resistir em trazer uma bela louça para servir o couscous. Das duas receitas, prefiro a seguinte (destaco apenas os ingredientes: SAUCE POUR COUSCOUS AU POISSON: on la prépare surout en automme avec du loup ou du mulet et la graine de couscous rapide. 750g de graine - 750 g de loup ou mulet - 250 g de pois-chiches trempés - 125g de raisins secs - 250g de coings - 1 oignon moyen - selo - poivre - 1,5 dl huile. Bom, na Áustria eu sempre preparava essa receita no inverno, pois conseguia os marmelos...

Anônimo disse...

Nossa,
nem sabia q se podia usar "coing" p salgado, achava q era so p geléia.
Obrigada, Tito!
"Comme c'est l'automne par ici", vou ver se encontro os ditos marmelos e achar companhia p o tal couscous!
BJS BIA

Unknown disse...

Bia, não sei se vais ler este meu comentário, mas o marmelo realmente dá um gosto super bom naquela mistura de legumes, pois não é totalmente doce e tem uma consistência também boa para ficar inteiro depois de cozido, se não o cozinharmos demais. Eu gosto muito dessas misturas.Um beijo e bom apetite!

Anônimo disse...

li sim, e vou procurar usar melhor o ingrediente, que alem do mais é muito cheiroso!
se passar por bayonne, considere-se convidado para este e outros deleites gastronomicos!
à bientôt
bia

Anônimo disse...

li sim, e vou procurar usar melhor o ingrediente, que alem do mais é muito cheiroso!
se passar por bayonne, considere-se convidado para este e outros deleites gastronomicos!
à bientôt
bia