Assista ao trailer (legendado).

Convém deixar claro que não se trata de um filme de entretenimento, agradável de ser visto.....É um filme que nos remete a uma séria reflexão sobre a condição humana. A cegueira, no caso, é uma metáfora que cai ainda melhor hoje do que na época em que o livro foi lançado. Estaríamos cada vez mais “cegos”? Ou será que somos os mesmos cegos de sempre?
O filme, assim como o livro, discute isso de maneira inteligente e original. Há momentos em que a tela se cobre de branco (a cegueira do livro é branca) e é esta imagem que nos leva ao núcleo do sofrimento dos personagens.
Outro detalhe é que a grande personagem do filme, (Julianne Moore deverá ser indicada ao Oscar pelo papel), como as demais, não têm nome. Ela é simplesmente a mulher do médico que lidera (metaforicamente) a humanidade e numa abordagem isenta de qualquer maniqueisno prova que nós fazemos o que temos de fazer quando se trata da sobrevivência, deixando a moral em segundo plano.
SARAMAGO já escreveu: "Como será possível acreditar num Deus criador do Universo, se o mesmo Deus criou a espécie humana? Por outras palavras, a existência do homem, precisamente, é o que prova a inexistência de Deus”. Para o escritor, a humanidade – leia-se a civilização ocidental capitalista – vive tempos sombrios, perdida num caos labiríntico, marcado pela miséria e pela injustiça, pela crueldade e pelo egoísmo, pelo medo e pela culpa. Segundo ele, seu objetivo é chamar a atenção do leitor para a “responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. Mas em que consistiria essa responsabilidade? Não somente em registrar e ter consciência do horror que nos cerca, mas, sobretudo, em ser capaz de conservar a lucidez, resgatar a solidariedade. Ser capaz de amar mesmo sob as mais terríveis pressões - tarefas que ele compartilha com os leitores. O paralelo evidente é com o romance A peste, de Albert Camus, já que nos dois livros uma epidemia misteriosa provoca o desmoronamento completo da sociedade, de tudo aquilo que se associa à idéia de civilização, ao mesmo tempo em que traz à tona as facetas mais primitivas da condição humana.
2 comentários:
O livro realmente não é fácil. O filme também não deve ser.
Preciso vê-lo.
Zelia: li o Saramago, mas nao tenho animo para assistir ao filme.
Como voce reagiu ao filme?
abr
Lala
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