O romance Crônica de uma Vida de Mulher desenvolveu no mundo das artes muitas das idéias pensadas por Freud no campo da ciência. Arthur Schnitzler, seu autor, foi considerado por Freud seu “gêmeo psíquico”, o seu duplo. Compartilha com Freud, a idéia de que a verdadeira motivação humana são os desejos sexuais, desejos capazes de destruir todas as barreiras sociais e morais. Ambos eram médicos, judeus e pessoas de destaque na burguesia de Viena da virada de século (quando era o centro do Império Austro-Húngaro) e marcariam profundamente, o pensamento ocidental nas décadas subseqüentes.
DESEJO (Danae - Klimt)
Arthur Schnitzler (Crônica de uma vida de mulher)
“Para Therese, o olhar da mãe naquele dia pareceu ainda mais zangado e carregado de ódio que de costume, como se ela ainda não tivesse perdoado o esposo pelo fato de ter se aposentado antes do tempo ...Como se ela ainda não tivesse conseguido se esquecer de que há muitos anos havia cavalgado por aí sobre um pônei fogoso, na condição de pequena baronesa na propriedade dos pais, na Eslavônia”.
Sigmund. Freud (Totem e Tabu)
“Uma mulher cujas necessidades psicossexuais deveriam encontrar satisfação no casamento e na vida de família é muitas vezes ameaçada de perigo de ficar insatisfeita porque sua relação matrimonial chegou a um fim prematuro e por causa da monotonia de sua vida emocional. (....) Quando um casamento é estéril, a mulher perde uma das coisas que mais poderiam ajudar a suportar a resignação que o casamento exige dela.”
DUPLO -auto retrato de Egon Schiele
A dualidade do homem
O INCONSCIENTE
Arthur Schnitzler (Breve Romance de Sonho)
“[...] mergulharam ambos numa conversa mais séria sobre os desejos ocultos, quase insuspeitos que, mesmo nas almas mais puras e cristalinas, logram produzir turbilhões perigosos e sombrios; falavam das regiões secretas pelas quais pouco ou quase nada ansiavam e para onde, não obstante, o incompreensível vento do destino poderia, ainda que apenas em sonho, arrrastá-los.”
Sigmund Freud (A Consciência e o que é Inconsciente)
“A divisão do psíquico em o que é consciente e o que é inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise , e somente ela torna possível a esta compreender os processos patológicos da vida mental [...] A psicanálise não pode situar a essência do psíquico na consciência, mas é obrigada a encarar esta como uma qualidade do psíquico, que pode achar-se presente em acréscimo a outras qualidades, ou estar ausente”.
O romance Crônica de uma Vida de Mulher aborda a vida de homens e mulheres em situações de desespero pela ruína financeira ou familiar, pelo jogo, pelo individamento, ou ainda , pelo incesto, adultério e abandono, mas que ainda assim se mantém fiéis aos códigos consagrados de aparência social. Exibe com crueza os desejos e a repressão da mulher e e as relações de fachada dos “bons casamentos”.Evidencia não só a hipocrisia dos princípios religiosos mas também expõe os sentimentos anti-semitas da sociedade vienense
Por enquanto li apenas a resenha na BRAVO.
Um comentário:
Zelita, teu Blog e' puro deleite ! Beijos.
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