agosto 24, 2008

A beleza em contexto inusitado

Este texto se baseia em artigo do Washington Post e dá o que pensar sobre a arbitrariedade com que atribuimos beleza a determinado objeto e a nossa incapacidade para a reconhecer em contextos inusitados.
Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, uma espécie de 'sex symbol' da música clássica, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metrô de Washington, despertando pouca ou nenhuma atenção. O jornal lançava um debate sobre arte, beleza e contextos.
Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713. Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ignorado pela maioria.
A exceção foram as crianças, que, mesmo com a oposição dos pais, queriam parar para escutar Bell, algo que indicaria que nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de nós (?!).
Bell, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso.
A experiência motiva o debate: É a beleza um fato objetivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? Mark Leitahuse, diretor da Galeria Nacional de Arte, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará". Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor disse ao "Washington Post" que isto não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante

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