abril 05, 2008
EGON SCHIELE - pornografia e arte podem ser inseparáveis
Egon Schiele foi um pintor austríaco ligado ao movimento expressionista. Morreu há quase oitenta anos. Sua pintura ataca a convenção de que no corpo humano a cabeça fica acima do sexo. Como isso é questão de perspectiva, obrigou o espectador a encarar o outro ponto de vista, grudando-lhe os olhos com traços e cores no foco de suas obsessões sexuais.
Schiele teve vida curta e trágica.Entrou como aluno precoce para a Academia de Belas Artes, mas largou o curso por incompatibilidade com os professores. Em sua curta carreira, produziu 300 telas e 3.000 desenhos. Foi preso em 1912 por corrupção de menores e condenado por obscenidade.Aos 28 anos, morreu de gripe espanhola.
Ainda estudante, pintava nua a irmã. Casado, com carreira feita, tirou a roupa e provavelmente algo mais de sua cunhada.Quatro dias antes de morrer, desenhou a agonia de sua mulher.
Shiele isnpirou a novela erótica de Vargas Llosa: Os Cadernos de Don Rigoberto na qual um clima malicioso permeia a relação do enteado com a madrasta que está, constantemente, atiçando os instintos mais secretos de ambos, num contexto que dá enorme tensão às suas relações.
Llosa se disse " atingido por um raio quando vi a sua obra pela primeira vez em que fui à Viena para dar conferência. Fiquei fascinado pela originalidade, pela natureza transgressora, pela exploração temerária do mundo do sexo e do desejo, tudo isso por um garoto, quase um adolescente de vida trágica. Desde então, passei a procurar coisas sobre Schiele e me deu vontade de escrever um livro em que sua pintura se fundisse com trama".
Quem leu Os Cadernos de Don Rigoberto concordará que ele foi muito bem sucedido, em que pese suas muitas citações eruditas, na tentativa de separar o erotismo - "humanização inteligente e sensível do amor físico" da pornografia -o "seu barateamento e degradação".
Schiele não teve esses escrúpulos.
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