março 11, 2013

A incrível era do conhecimento instantâneo


Hoje é importante sempre parecer inteligente, informado e na moda.

A Nobu Hand Roll Box é um kit que contém tudo o que é necessário para fazer sushi para dez a 12 pessoas em casa. A caixa de madeira, meticulosamente arranjada com compartimentos para 20 ingredientes, custa US$ 550. Por mais US$ 350, um especialista em sushi dos aclamados restaurantes Nobu virá a sua casa para dar instruções personalizadas, de modo que você também possa se tornar um conhecedor, usando frutos do mar que talvez não encontrasse em outro lugar.
Impelido pelo consumismo e um mercado saturado com rótulos que vendem "estilo de vida", parece fácil ser um conhecedor. Uma vez associada a um conhecimento sério e ao apreço pelas altas artes, a perícia hoje é aplicada a objetos cotidianos: cupcakes, canetas, relógios, carros e sofás.
"Vemos todos os artigos que colocamos em nossa cesta no supermercado ou no carrinho de compras na internet como um reflexo de nossa personalidade e bom gosto", escreveu J. Peder Zane no "Times".
Antes considerada elitista ou imaginária, essa perícia é uma "expressão vital" de como muitas pessoas querem ser vistas.
As artes decorativas cresceram em popularidade entre os fabricantes de relógios suíços, que estão aplicando antigas técnicas artísticas a relógios extremamente caros. Eles usam técnicas tradicionais de gravura e marchetaria, relatou o "International Herald Tribune". Existe hoje um "verdadeiro apreço pelo trabalho de alta qualidade feito à mão", disse ao "Tribune" Pierre Rainero, um diretor da Cartier.
Mas Thomas Frank, que escreveu sobre a cultura do consumo, disse ao "Times": "Não se trata da busca da qualidade, mas de comprar coisas que o façam sentir-se bem consigo mesmo. Trata-se de se distinguir da multidão, demonstrando conhecimento e bom gosto".
Isso pode ser visto na primeira fila de todos os desfiles de moda. Antes reservada aos membros da velha guarda do setor, a primeira fila se transformou em uma plataforma para blogueiros, personalidades da TV e arrivistas exibirem sua marca pessoal, muitos esperando fazer carreira como alguém importante.
Um rosto novo na primeira fila é Andy Torres, que passou de blogueira da Style Scrapbook a jurada em "Elle México Diseña", um concurso de moda na televisão. Seu blog, popular entre as mulheres latinas, chamou atenção depois que ela publicou imagens de si mesma com um visual de estampas descombinadas e toques gráficos.
Ter uma imagem identificável dá a impressão de que talvez valha a pena conversar com ou sobre você, disse ao "Times" Daniel Saynt, fundador da agência Socialyte, que conecta formadores de gosto com marcas, "mesmo que ninguém saiba quem você é".
Dan Ariely, professor de psicologia na Universidade Duke, na Carolina do Norte, disse ao "Times" que seus experimentos com pessoas interessadas em vinho revelaram que elas não sabiam diferenciar entre brancos e tintos. De maneira semelhante, testes descobriram que muitas pessoas não conseguem distinguir entre foie gras e ração para cães, escreveu Zane.
Mas quem pode dizer o que é o quê, enquanto os europeus agitam-se por causa da carne de cavalo e um estudo revela que o peixe vendido em restaurantes, mercados e bares de sushi nos Estados Unidos muitas vezes não é o que diz o rótulo?
Kimberly Warner, principal autora do estudo feito pela Oceana, uma organização sem fins lucrativos, disse ao "Times": "Até um consumidor relativamente instruído não poderia olhar para um peixe inteiro e dizer: 'Tenho certeza de que é um namorado e não um robalo'".

ANITA PATIL

Nenhum comentário: