fevereiro 03, 2013

Vidas Paralelas – Cinco Casamentos Vitorianos


O casamento nos dá ensejo a grandes excitações coletivas: se conseguíssemos suprimir o complexo de Édipo e o casamento, o que nos restaria para contar?” Barthes
George Elliot  (imagem)
Esta é a epígrafe do livro de Phyllis Rose, professora de literatura inglesa da Wesleyan University, em que analisa as relações de cinco escritores ingleses da era Vitoriana: John Stuart Mill, John Ruskin, Thomas Carlyle, Charles Dickens e George Eliot. 
Um fascinante estudo destas uniões em que a autora, com grande riqueza de detalhes,  sem fazer biografia nem escrever uma novela,  narra o nojo de Ruskin em relação à nudez feminina, a brilhante correspondência entre Carlyle e sua mulher, a inestimável colaboração intelectual de Harriet Taylor para a obra  de Stuart Mill, a separação traumática de Dickens e o apoio que George Eliot recebeu do companheiro.
Harriet e Stuart Mill

Não bastasse isto, traz no prólogo passagens como esta:  
"...acredito que o casamento é a primeira experiência política em que cada um de nós se engaja da vida adulta, e é por isso que me interesso pela distribuição de poder entre os homens e as mulheres nesta relação... Qualquer que seja o equilíbrio de forças , todo o casamento se baseia em algum acordo entre os dois parceiros , articulados ou não, acerca da importância relativa e da primazia de certos desejos. Os casamentos desandam não quando o amor desaparece - o amor pode sofrer modulações e transformar-se em afeto sem separar as duas pessoas - mas quando esta compreensão sobre a distribuição do poder sofre algum abalo, no momento em que o membro mais fraco explorado ou o mais poderoso se sente indevidamente recompensado por sua força...As pessoas que acharem excessivamente fria esta maneira de abordar um dos laços humanos a mais se dá valor poderão objetar....
E eu retrucaria assinalando a tendência humana a sempre invocar o amor quando o interesse é disfarçar as transações que envolvem o poder.
.....E talvez seja isso, o amor - a recusa momentânea ou prolongada em pensar sobre outra pessoa em termos de poder .
Como uma enzima que bloqueie temporariamente um processo biológico normal , o que chamamos de amor pode inibir uma negociação de poder - inibição a qual se deve a ilusão de igualdade tão característica dos amantes."

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