fevereiro 13, 2013

"Depois da lei de que não se pode cortar uma árvore, aquele meu pedaço, pelo menos, da serra do Mar, em Paraty, virou mato, mesmo, mata cerrada. Aparecem cabecinhas de macaco por onde se anda, uns "miquinhos" que nem sei o nome que vieram alegremente se juntar aos pernilongos, às pererecas, aos morcegos, às cobras, às aranhas e aos gambás. Esses são os bichos que na nossa cabeça deveriam morar lá fora, no mato, mas que vira e mexe vêm nos fazer companhia.
Vamos nos conformando, mas fiquei surpresa ao dar com o livro "Nature Wars": a incrível história de como, com o retorno da vida selvagem, os quintais se tornaram campos de batalha. O autor é Jim Sterba, editora Crown.
Livro de americano, realidade diferente da nossa, mas com muitas aproximações. Jim Sterba afirma que estamos perdendo certos direitos de propriedade para as criaturas selvagens. Parece que criamos um estilo de vida "bunda-no-sofá" e assistimos à natureza no canal Discovery. Não sabemos nada sobre florestas, quem são os bichos, como devem ser tratados. Pensamos que as galinhas já nascem depenadas, pescamos os peixes e os jogamos de volta ao mar com um beijo na boca. O que terá acontecido?
O autor acha que muito pouco tempo se passou depois que promovemos a extinção e a destruição de florestas e animais selvagens.
Nos Estados Unidos, o conservacionismo começou em 1880. Em 1950 já havia chegado a um bom nível de reflorestamento. E, em 2000, a maioria dos americanos morava em subúrbios altamente preservados, ou melhor, reflorestados. Nas décadas seguintes, criaram-se habitats em áreas rurais e foram reintroduzidas espécies em extinção. Deu certo por um período, mas começaram a perceber que algumas espécies não só se adaptavam, mas cresciam em número muito maior do que em seu próprio habitat. Principalmente porque nós, antigos predadores, passamos a protetores.
Essa mistura de homens, florestas e bichos nunca havia alcançado proporções semelhantes. Os mantenedores de vida selvagem se concentraram em manter populações saudáveis e os protetores dos animais se empenhavam em salvá-los do predador humano. Nenhum dos grupos estava preparado para o excesso de vida selvagem e à interação dos homens com os bichos.
Protetores de baleias, gatos, raposas, lobos, atum, bacalhau e mais e mais formaram exércitos proclamando que o seu bicho estava em extinção. Grandes campanhas foram feitas e o trabalho dos conservacionistas é sério e intenso.
Formaram-se grupos diferentes como os que são totalmente contra a morte de animais em benefício de qualquer ser humano. Grupos que não fazem objeções ao uso responsável de animais, contanto que eles não sofram. E outros que rejeitam a filosofia de direitos animais e acreditam em um uso responsável.
O assunto do livro é esse, a discussão, reflexão e constatação de como andam as coisas. Essa é uma pequena e incompleta resenha sobre um livro interessante. Não são opiniões minhas e não responderei a e-mails de ódio". 
NINA HORTA

Nota: WSJ - Adivinhe quem vem para jantar?

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