julho 27, 2012

O viés da arte



“O mundo é simultaneamente maravilhoso e horrível. A estética ajuda-nos a nos maravilhar e nos permite encarar o horror. Assim, o segundo movimento do Quinteto em Dó Maior, D 956, de Schubert, expressa a pior dor da alma e, no entanto, oferece-nos uma felicidade musical inefável. A estética das obras nos permite desenvolver uma estética de vida cotidiana. ‘A natureza imita o que a obra de arte lhe propõe’, disse alguém. Somos encorajados pela estética a perceber o maravilhamento diante do mar, dos picos nevados, das grandes árvores, da borboleta que adeja, da criança que saltita, do cão louco de amor que salta bem alto em direção a seu dono, de um belo rosto. Tudo isso deveria animar uma política da cultura: uma política da estética, a qual contribuiria para propagar e democratizar a poesia de viver, para fazer com que cada um possa conhecer as belas emoções e descobrir suas próprias verdades por meio das obras-primas.”

 Stéphane Hessel e Edgard Morin em O Caminho da Esperança

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