fevereiro 04, 2012

Os Anos com Laura Díaz

A memória do século XX através da vida de uma única e carismática personagem feminina: Laura Díaz, mulher passional nascida numa pequena cidade do México na virada do século, que traz a história de seu país amarrada à sua anônima biografia. Em cada um de seus passos escondem-se e revelam-se a miséria do Terceiro Mundo, as causas perdidas na fronteira com os Estados Unidos e a denúncia político-social, características da literatura de Carlos Fuentes. Mas também estão presentes os seus amores e desilusões e a busca incansável por liberdade, sua única ideologia. 
Em Os anos com Laura Díaz, Carlos Fuentes constrói um denso e envolvente painel da história recente, misturando realidade e ficção em dosagens tão exatas que personagens reais e fictícios convivem com rara naturalidade.
A trama começa com a viagem à Detroit do fotógrafo Santiago, bisneto de Laura Díaz,em 1999, para realizar um documentário sobre os muralistas mexicanos nos Estados Unidos. Detém-se num mural especial, pintado por Diego Rivera em 1932. Este é o ponto de partida para a retrospectiva que é a narrativa de sua própria ascendência: desde o México rural do início do século, quando sua bisavó Laura Díaz era apenas uma menina diferente, rodeada de tias solteiras e criada entre índios e mestiços. 
Ela cresce, vê o meio-irmão subversivo ser fuzilado, apaixona-se por um líder operário, cria filhos e os abandona por um tempo, coleciona amantes e convive com a alta sociedade mexicana. São personagens do romance Zapata, Pancho Villa, Frida Kahlo e Diego Rivera, com quem Laura Díaz convive intensamente, revelando-lhes segredos e tragédias. Diante de seus olhos curiosos, surge a vitrola, o rádio, o cinema e a televisão, afrontam-lhe o nazismo, o franquismo e o macarthismo.
O autor se esmera em discussões intelectuais nos diálogos entre seus personagens, sempre rendidos a reflexões, invariavelmente críticas. Segundo confessa, teria extraído a base de seu romance da própria genealogia familiar, "nunca havia existido um abismo tão grande entre o avanço tecnológico-científico e o atraso moral que temos sofrido; esse foi um século maculado pelo crime, pelo genocídio e pela barbárie".


Nota: Lendo nas 'questões manuscritas '  : O affair entre Trotsky e Frida Kahlo  lembrei ser  este fato  relatado no  livro de Carlos Fuentes -   Os anos com Laura Diaz , lido nas priscas eras pré blog (o que rendeu uma grande dificuldade de 'recuperar' o seu título na (des) memória). 

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