"Um filme como "Assédio" quando realizado por um cineasta como o italiano Bernardo Bertolucci, não pode ser senão uma proposta de reflexão sobre costumes razoavelmente recentes referentes ao desejo.
Aqui temos uma moça africana. Seu marido é um perseguido político e ela se encontra em situação de exílio na Europa.
Ela trabalha para um músico inglês que se sente tremendamente atraído por ela.
Eis a questão: hoje em dia julga-se o desejo.
Parte-se do pressuposto de que a natureza humana é má e deve ser controlada por leis rigorosas.
Porém a questão permanece: como julgar o desejo sem extirpá-lo?
Se o desejo é anárquico, como se resolve essa questão?
Reprimindo-o, chegaremos à reprodução de proveta.
Liberando-o, restabelecem-se certos maus-tratos de que sobretudo mulheres eram vítimas. Eis o dilema que "Assédio" encara.
INÁCIO ARAUJONota: Hoje, meia noite, no Canal Futura.
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