janeiro 28, 2012

Medianeras

"Buenos Aires na Era do Amor Virtual" é o dispensável subtítulo deste filme argentino,  urbano,jovem e estiloso. Tem ótima trilha sonora e roteiro  bem escrito que traz curiosas observações sobre a cidade, cuja arquitetura seria cheia de "irregularidades estéticas e éticas"...


Seria dos arquitetos e construtores de edifícios a culpa  por (quase) toda depressão, tensão muscular, ansiedade e tendência suicida no mundo...


Embora exponha o paradoxo da vida online, conectada a tudo o tempo todo, ao mesmo tempo em que as pessoas não conseguem manter relacionamentos na vida real Há algo mais desolador no século 21 que não ter nenhum e-mail na caixa de entrada?”, não se trata de uma crítica à era virtual. O isolamento dos protagonistas parece ser muito mais fruto de dificuldades pessoais, uma solidão intrínseca, que independe da existência ou não da internet.

Além do "Onde Está Wally?", o filme faz uma referência explícita aos adoráveis neuróticos anônimos de Woody Allen, numa cena do antológico Manhattan.

Um dos melhores filmes de 2011 que será lembrado como um excelente exercício da estética do início do milênio.
Recomendo!

Nota
: Luiz Paulo Horta sobre a tentativa de “descobrir por que o cinema argentino vem dando de dez na produção nacional”.
Uma razão possível: “que aqueles às vezes irritantes portenhos estão em contato com [...] ‘o sentimento trágico da vida’. Por aqui”, o sentimento trágico não é tão comum. [...] somos do batuque. E o fervor futebolístico também não resulta em tristeza. [...] Assim o sentimento trágico vai sendo exorcizado. O país é muito grande: quando aperta por aqui, desaperta por ali. Daí o filósofo Pagodinho querer que a vida o vá levando, não se sabe para onde.[...]
Mas como aqui ninguém acredita em tragédia”, completa Horta, “vamos gastando perdulariamente as vantagens de um cenário que tende a mudar. Com as nossas carências de infraestrutura, não iremos longe na competição com a China. Mas isso não é para já. Então, por que não pedir mais um chope, e ouvir o sambinha que acabou de sair do forno?”
O batuque talvez seja explicação simplória, mas é preciso reconhecer que o cinema argentino contemporâneo, é mesmo superior ao brasileiro.

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