dezembro 14, 2011

Liberdade

 Liberdade, de Jonathan Franzen, traz na capa: "O livro do ano, e do século-The Guardian". 

Esta afirmação tem um grau de presunção que deveria servir para disparar todos os 'alarmes'. Afinal o livro é de 2010! 
A 'crítica' compara o autor a Tolstoi !!! Seu livro anterior Correções (que não li) também  havia sido muito festejado. Mas isto não vale. O mesmo aconteceu com 2666 de Roberto Bolaño . Alguém consegue gostar ? 
Não tenho dúvida : Liberdade é um livro ruim. Tendo lido mais de 350 das suas 605 páginas, me considero autorizada a declarar. 
A estória gira em torno da família Berglund e outro personagem  Richard Katz, amigo do casal, desde os tempos da faculdade. Um roqueiro que faz sucesso quando menos espera e quando já não deseja e que transa com todas as mulheres como qualquer roqueiro estereotipado. A narrativa parte das observações dos vizinhos sobre os Berglunds, com as naturais maledicências que permeiam tais relações. A partir desse olhar, é que conhecemos a família e ficamos a par de seus 'podres' que nos são apresentados com uma riqueza de observações irrelevantes sobre a contemporaneidade. 
Mas o desastre tem início mesmo no capítulo "Autobiografia de Patty Berglund", intitulada "Todo mundo erra", e escrita "por sugestão de seu terapeuta". Nas intermináveis mais de 160 páginas ficamos sabendo de sua infância infeliz , seu relacionamento distante com a mãe, o desacerto do início de sua vida sexual, sua carreira de jogadora de basquete, uma estranha amizade, a aproximação de Richard e Walter (que veio a ser seu marido) e as péssimas escolhas que vai fazendo ao longo da vida. 
Durante a 'autobiografia', Patty se refere a si própria tanto como "Patty" como quanto "a autobiógrafa". Ocorre de a voz do narrador (ou seja, de Patty) não diferir nem do trecho que veio antes, nem do trecho que vem depois. É como se Patty e o narrador onisciente do resto do livro se confundissem. Incompreensível.... 
Os demais personagens são desinteressantes, simplórios ou patéticos. Ou tudo isto, ao mesmo tempo.
Walter é um santo, certinho e careta, durante a maior parte do livro: passivo, cordato, parecendo sempre feliz por, sendo um nerd, ter conseguido casar com aquele mulherão. Quando, finalmente, dá uma guinada na sua vida, entra para uns negócios de reservas florestais cujo objetivo seria salvar as mariquitas azuis ameaçadas de extinção . Na verdade, tudo não passa de um golpe para aquisição de áreas ricas em carvão pois as políticas de extração estavam prestes a serem mudadas pelo Congresso. Toda esta merda descrita em dezenas de maçantes páginas! 
Isto sem falar dos erros de tradução e a péssima revisão. Em Liberdade, tudo é chato! 
Não há nada que o salve!!! 


Nenhum comentário: