agosto 09, 2011

Sobre sexo anal e armas de fogo -I


"Tudo que você queria saber sobre sexo anal e tinha vergonha, cult que é, de achar que estava apenas repercutindo o caso Sandy-Playboy.
Sandy, a perva, como se diz em Campinas e região.
A perva que negociou uma cota de (humaníssima) safadeza com uma marca de cerva. Legítimo. Bestas somos nós: safados de fato e de graça.
O efeito Sandy. Depois dela, a trindade caipira “Cerva, perva e erva” é o novo "sexo, drogas e rock´n´roll" deste eterno faroeste caboclo.
Chega. Sossego pra mocinha. Eu também tenho irmãs interioranas e sei que não é bom mexer com elas desse jeito. A família fica constrangida.
Aqui no blog do amor verdadeiro sexo anal é um tema sério, pseudo-intelectualizado, óbvio, lírico, não é nada disso que você está pensando.
Falemos de sexo anal, porque o oral, barroco e labiríntico que é, fala por si mesmo.
Anotem, irmãozinhos(as), algumas coisas sagradas, outras um tanto quanto folclóricas -mesmo assim verdadeiras- sobre o delicado tema:
1) Sexo anal não se pede, não se roga. É merecimento. Ponto.
2) No Brasil dito profundo, segundo Câmara Cascudo, era prerrogativa católica de virgens, não de mulheres bulidas. (in “Superstição no Brasil”, Global editora).
3) O sociólogo Gilberto Freyre, outro grande no assunto, confessou ter feito como experiência antropológica. Válido. Por coincidência, na mesma supracitada Playboy, GF escreveu um dos melhores ensaios sobre bunda de todos os tempos, na edição de número 113, de dezembro/1984, sob o título de "Uma paixão nacional".
Eu tenho o raro exemplar, porém não se animem, colecionadores: é tão inegociável quanto a tal prática de retaguarda heterodoxa para uma senhora da Liga Católica.
4) Jorge Amado, que completaria 99 anos amanhã, pôs, de forma natural e sem susto, a modalidade em todas as belas safadezas dos seus livros. Gênio!
5)  A destemida Marta Suplicy, fino trato da boa burguesia paulistana, audaz como poucas da sua classe, aconselhou tal prática às donas de casa ainda no “TV Mulher” (TV Globo, anos 1980). Será que a vanguardista passaria hoje no crivo do novo manual de procedimento das Organizações Roberto Marinho?
6) Para o escritor e folclorista pernambucano Liêdo Maranhão, meu ídolo, tem duas coisas com as quais não se brincam, de jeito algum, na existência: cu e arma de fogo.
Teria dito a célebre frase, um clássico recifense, quando a mulher lhe negou,  depois de juramentada promessa, o referido tipo de sexo. O casal  havia feito um acordo momesco. Liêdo não brincaria o carnaval e, pelo bom comportamento, seria recompensado na Quarta-Feira de Cinzas. Diante do descumprimento do trato, o nosso amigo sapecou o mantra acima.
Ele estava cheio de razão, afinal de contas cumpriu, por toda uma vida, a lição nº 1: sexo anal não se pede, por mais que haja intimidade. É merecimento. Quem mandou ela fazer a graça do acordo!?"
Xico Sá     em seu blog na Folha

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