"O bem sem o mal é tão pouco adequado ao homem do que o mal sem o bem” (sic - p.259)
Narrado na primeira pessoa, A volta para casa não é apenas uma história de regresso. As constantes referências à jornada de Ulisses, na Odisseia de Homero, que volta apenas para partir de novo, não respondem à questão crucial. Não há descanso para o herói grego – e nem para a consciência histórica alemã.O romance tem como pano de fundo a trajetória de Peter Debauer, órfão de pai, criado por uma mãe com quem mantém uma relação distante, passa férias na Suíça com os avós paternos, editores de romances populares. Ao usar o verso de provas tipográficas como rascunho, descobre o trecho de um romance que narra o regresso para casa de um soldado alemão, sobrevivente do front russo.
Ao investigar a autoria do texto acaba por conhecer outros que atribui ao mesmo autor, cuja identidade ainda desconhece. Tempos depois, encontra problemas com a documentação para o seu casamento que o levam à sua odisséia: a procura do pai que ele acreditava ter morrido na guerra.
É uma perturbadora reflexão sobre o bem e o mau, sobre a justiça e sobre o amor. Uma história sobre os limites entre o certo e o errado e sobre o presente e a história. É possível existir o bem sem o mal? Há quem diga que sim, mas se não conhecermos o mal, como reconhecer o bem? Como saber se o momento presente daqui a algum tempo não será histórico? Como ter certeza se estamos sendo justos em determinado momento? Até que ponto é possível distinguir o certo do errado?
A volta para casa revisita a mesma insanável culpa alemã abordada por Bernhard Schlink em O Leitor.
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