dezembro 04, 2010

Se meu fusca falasse

"Era feinho, desconfortável e barulhento. Tinha fama de não deixar ninguém na mão, mas, já em seus últimos suspiros no Brasil, em 1996, era carro de pobre, suburbano ou nostálgico.
E, no entanto, o Fusca representou a maior revolução da história da indústria automobilística. A novidade, agora revelada em livro que sai no Brasil, é que sua concepção, seu design e o próprio conceito de "Volkswagen" (ou, traduzindo, carro do povo) foram criados por um engenheiro judeu -Josef Ganz- e, posteriormente, apropriados por Adolf Hitler.
A narrativa rocambolesca sobre aquele que se tornaria o automóvel mais vendido do planeta está contada em "A Verdadeira História do Fusca", do jornalista holandês Paul Schilperoord.
Adaptado para a produção em série por Ferdinand Porsche em 1938, o "KdF-Wagen" (era esse seu batismo de fábrica) se tornaria, juntamente com as auto-estradas ("Autobahns"), um dos maiores orgulhos do regime nazista (1933-45).
Apaixonado pelo carro "desde criança", Schilperoord explica como Ganz criou o conceito de carro pequeno, seguro, econômico e barato ("deveria custar o mesmo que uma motocicleta").
Mas também lamenta que Ferdinand Porsche tenha se imortalizado como o inventor do Fusca, enquanto Josef Ganz, perseguido pela Gestapo (a polícia secreta), tenha caído no esquecimento".

MARCOS FLAMÍNIO PERES

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