outubro 23, 2010

UM LUGAR QUALQUER



"O estilo da cineasta Sofia Coppola, delicado sem ser afetado, irônico sem ser mordaz, reaparece em perfeita harmonia em "Um Lugar Qualquer", premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza deste ano.
Coppola, que ganhara um Oscar pelo roteiro de "Encontros e Desencontros" (2003), faz um retrato do mundo do show business e da vida que gira no vazio.
O filme se passa no hotel Chateau Marmont, em Los Angeles, lendário por abrigar estrelas que, não raro, acabam levando ali mesmo sua vida "cheia de som e fúria, significando nada".
O personagem que a cineasta ali instala é o ator Johnny Marco (Stephen Dorff), que nos é apresentado deitado na cama, assistindo a um show erótico ao vivo. Mas tão insossa é a apresentação que ele próprio dorme na frente das moças.
Marco que, claro, tem uma Ferrari e bebe uísque como se no copo houvesse água, é a personificação de uma decadência em estilo "cool" que, nas revistas de celebridades, surge travestida de glamour.
Mas algo contaminará a vida superficial de Marco. Coppola, ela própria filha de um homem da indústria do cinema (Francis Ford Coppola, de "O Poderoso Chefão"), transforma a chegada da filha de Marco, uma menina de 11 anos (Elle Fanning, absolutamente irresistível no papel), no ponto de virada desse roteiro marcado pela economia de palavras e acontecimentos.
Sofia Coppola, que já visitou a vida palaciana de "Maria Antonieta" (2006) fez, desta fez, um filme minimalista - na forma, nos recursos e até nas mensagens. Ela só não é sutil nos momentos em que escancara o ridículo do mundo do estrelato.
Seu tom geral é, porém, o de uma doce melancolia".

ANA PAULA SOUSA

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