março 06, 2010

"A única coisa necessária é o supérfluo."

Ontem à noite, cortava o caminho para o estacionamento por dentro do Open Mall quando li de relance numa parede, em destaque no fundo de uma das feericamente iluminadas boutiques, a frase célebre.
Não reparei no que estava à venda, mas é quase certo ser uma das muitas lojas de 'acessórios femininos' (por definição, tudo que mulher usa, além das roupas). Era tarde. O momento impróprio para aprofundar as observações.
Seguia entre as palmeiras (imóveis), no florido jardim de lagos artificiais e (desnecessárias) pontes, colocados ali talvez com o propósito de proporcionar alguma sensação de frescor ao ambiente. Em vão, pois nem a brisa dava o 'ar da graça' para trazer algum alívio. A noite insistia em se manter nos mais de trinta graus...(!?)
Ao longo do trajeto, uma linda música num volume discreto.Senti-me numa 'ilha'...(ou seria num 'oásis'?). Pensava na beleza do que ouvia e no costume local de impor o (mau) gosto, não se contentando, a maioria das pessoas, em ouvir sozinho a música de sua escolha.
Ainda pairava na minha cabeça o 'supérfluo' da frase do Oscar Wilde, invocada naquele contexto, criando a necessidade do 'acessório'...Pensava nas artimanhas e estratégias, nem sempre sutis, da publicidade sempre a brincar com o imaginário, as intertextualidades, os símbolos...para vender a ilusão de felicidade.
O choque de realidade veio do simples fato de por o pé na calçada, num mundo em que 'a única coisa necessária' é o básico e fundamental: a sobrevivência! Contrastes que se tornam invencíveis na medida em que vão deixando de ser vistos, porque incorporados à paisagem...

Nota: Desde quinta feira quando fiquei 'de molho' por conta de um resfriado, o blog passou a ter rádio! Acabo de trocar o instrumental clássico do primeiro dia por um jazz vocal - afinal hoje é sábado! Aproveitem! E o aquário, hein? foi fruto do mesmo período de ócio...

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