fevereiro 28, 2010

Domingo

Ôba! Hoje é domingo. Este já foi um dia reservado a outras atividades e compromissos. Em alguns momentos nem seriam chatos se não fosse meio compulsório, inegociável: ter que fazer..., ter que ir..., ter que participar...
Ainda bem que tudo foi mudando. Depois de uma certa idade, temos o dever para com a gente mesma, de não fazer mais nada por obrigação ou conveniência.
Estou em pleno exercício deste direito e de 'lua de mel' comigo mesma!
Ainda tem outro aspecto que é o de eu ser meio novidadeira, o que parece ser incompatível com casamento. Não gosto de ir aos mesmos lugares, sentar na mesma mesa, escolher a mesma fila no cinema, dormir do mesmo lado da cama, voltar para casa na mesma hora, fazer o mesmo caminho, vestir a mesma roupa, comer as mesmas coisas...e por aí vai.
Fiz concessões, como todo mundo. Só que meu limite é curto, minha paciência é pouca.
Dizem que só devemos casar com quem tivermos muito o que conversar. Ao que eu acrescentaria: alguém que nos faça rir, não reclame da vida nem de questões puramente domésticas... Mas passar a vida conversando com a mesma pessoa? Chega (depressa) o tempo em que a gente conhece todo o repertório e já o ouviu pelo menos uma dúzia de vezes. Tem tanta gente interessante com outras tantas estórias para contar...
Às vezes penso haver encontrado parte da resposta para nunca ter me sentido naquele estado que chamam de 'felicidade' enquanto estive acasalada. Por estas alturas, tenho como certo que relacionamento se fortalece do que pode ser a causa de sua destruição: a rotina. Para alguns, no qual me incluo, é letal.
A questão pode ser bem mais complexa. Isto, sem dúvida, é apenas parte (a menor parte) da (minha) explicação. Mas deixemos de ser hipócritas: existe coisa mais previsível, repetitiva até a monotonia , do que a tal da 'vida a dois', agravada pela sentença 'até que a morte os separe'?
De qualquer tipo, parceiros de sexos opostos, ou não, morando juntos ou separados. Observo, com toda a chance de estar enganada (admito), que a firmeza da 'construção' está, em mantendo as rotinas, fazer com que cada dia ela se reforce pela repetição de atos, confirmação de compromissos, promessas e expectativas. Padeço de uma total e absoluta falta de talento para 'sobreviver' na situação. 'Ir levando', repactuar a relação, tentar renová-la em outras bases e condições menos sufocantes é o que prego aos 'atingidos' , mas sem qualquer convicção.
Por outro lado, tem quem sonhe com esta situação associada a um ideal de felicidade: 'ter alguém pra chamar de seu'! E haja busca no'par perfeito' (site)! Quando ainda há tempo, advirto: nada de cuecas na gaveta!
Mas era na delícia do domingo que pensava, quando comecei a escrever. E esta delícia se resume num simples: ENFIM SÓ !
Depois de enviar torpedo para uma amiga, (por via das dúvidas para os seus dois celulares), me dispensando de ir à praia. No fim da tarde, irei me enfiar numa sala de cinema, sozinha!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho o texto ótimo!!! Essa rotina é a pior de todas, haja criatividade para não ser sufocado ou sufocar por causa dela!!! E se entediar e se encher e abusar e ficar amargo, azedo, desinteressado. Por isso concordo muito com a importância de poder estar em casa afirmando o "enfim a sós, comigo mesmo!!". O que não impede que .....
TL

Valeria Santos disse...

Ir só ao cinema é por pura opção sua, passei o domingo desejando uma CIA para ir ao cinema, pensei em te ligar , mas nunca sei quando vc quer ficar realmente só. Porém sempre quero a sua CIA e quando vc quiser estarei livre para um cinema num domingo à tarde.