janeiro 24, 2010

Literariamente...

Dá para falar em promiscuidade literária? Não me refiro aos conteúdos dos livros, as estórias de pessoas, eventualmente, promíscuas... Ainda que nada tenha contra. Declaro-me, literariamente, promíscua por ler vários livros ao mesmo tempo e em circunstâncias não muito ortodoxas. Levá-los para a cama (ou para a rede, aqui no nordeste), largá-los espalhados, alguns empilhados no criado-mudo (portugas, ao dicionário!), dos mais variados autores, de distintas épocas, inspirações e estilos.
Fico meio vexada quando, ao ouvir que gosto de ler ( às vezes falo como uma forma de explicar o meu viver solitário ou justificar porque me basto), me perguntam do que gosto ou se li este ou aquele autor que, em geral, nem sei de quem se trata. (Não tem 'promiscuidade' que vença a mediocridade que reina por aí!)
Minha 'promiscuidade' literária é a mais pura expressão de minha liberdade, inclusive de comprometer-me ( ou não) com os títulos e temas que bem entender, de abandonar no meio, ou mesmo no princípio, aqueles que me parecem chatos, prolixos ou anódinos e, por fim, de deixar a leitura de outros tantos adormecida até à chegada de um novo momento oportuno. Sem contar os que concluo e não devolvo para a estante, nem dou qualquer outro destino, enquanto não me desligo interiormente deles, de seus personagens... Isto traduz um pouco do que sou , minhas inquietudes e curiosidades que me fazem inclusive esticar o olho e desejar o livro do 'próximo', de entrar na casa de alguém buscando (discretamente, espero) saber onde estão os livros....
Ora, nada disto, se não me traz ganho, também não me traz qualquer prejuízo. Já cheguei numa certa idade em que, a maioria das coisas que faço, são atividades ligadas, exclusivamente, ao gosto e prazer. Inclusive trabalhar, que considero, mais do que um prazer, UM LUXO!
Voltando aos livros, uma amostra do que me cerca, neste momento, sem qualquer ordem ou grau de interesse : Contra-natura (Álvaro Pombo), as biografias de Cleópatra, de Cézanne e de Michelangelo, o Yalom (De frente para o sol - dei um tempo, logo depois de ler o Nada a Temer do Barnes, uma overdose no tema morte) , O Homem que se atrasava (Louis Begley) e De Cuba com carinho da blogueira Yoani Sánchez . E tem ainda o Bilhete de Identidade que estou chegando ao fim.
A biografia da Clarice, com todo respeito, espera na estante da sala, o dia em que irei me dedicar, tão somente, a ela . Se puder ....

Um comentário:

Valéria Santos disse...

Quanto melhor o livro mais bem acompanhada me sinto. Partilho da mesma "promiscuidade", estou sempre lendo dois ou três simultaneamente.