setembro 30, 2009

O encontro mágico

"Em 30 de setembro de 1853, por volta do meio-dia, a campainha tocou… Marie Schumann correu para abrir a porta. Era um belo jovem, louro, imberbe, de rosto fino, que com voz fraca e tímida pediu para falar com o compositor Robert Schumann. Marie, sua filha, respondeu que o pai não estava, mas que poderia achá-lo no dia seguinte por volta das onze horas. No outro dia ele voltou e quem abriu a porta foi o próprio compositor. O jovem era um músico, como muitos que vinham ver o “mestre”, o “grande Schumann”, e trazia debaixo do braço suas composições manuscritas. Disse que tinha vinte anos, que vinha com uma carta de apresentação de Josef Joachim e que seu nome era Johannes Brahms. Com aspecto infantil, não falou mais nada e convidado por Schumann (que também falava pouco) sentou-se ao piano e começou a tocar suas composições.
Após alguns compassos da Sonata em Dó Maior, teve que parar imediatamente porque Schumann levantou-se agitado, com uma alegria incontida. Disse que precisava chamar sua mulher. Saiu correndo, gritando: “Clara! Clara! Você vai ouvir uma música como nunca ouvira antes!” Clara veio e o adolescente de Hamburgo recomeçou, tocando ele próprio a sua primeira obra em presença da maior virtuose alemã do piano de seu tempo, e do já grande compositor Robert Schumann, que estava comovido, porque reconhecera na musica os ecos de sua própria mística. Foi-se o primeiro movimento, depois o segundo e finalmente Brahms tocou o terceiro, com os Schumann extasiados de alegria, emocionados, maravilhados. Não houve naquele dia o tradicional passeio do casal. Brahms ficou para almoçar e à tarde tocou mais, e depois Clara também tocou. De noite, Schumann escreveu em seu livro de anotações uma nota lacônica: 1º de outubro: Brahms em visita (um gênio)”.
(Trecho do livro “Clara Schumann”, de Catherine Lépront que registra o encontro mágico dos dois gênios da música clássica)
Esta foi a Sonata que o jovem Brahms interpretou para o casal Schumann.

Nenhum comentário: