setembro 07, 2009

pensando o futuro

Ia escrevendo 'pensando o passado', mas lembrei de que nesta última semana fui criticada mais de uma vez por isto. É que sempre me refiro a mim como uma velha. Não percebem (talvez nem achem possível) não haver nisto qualquer conotação de lamento ou de amargura. Afinal, sessenta e alguns elogios não fazem mal a ninguém. Sobretudo se bem aproveitados. E nem sou daquelas que só conjugam os verbos no pretérito imperfeito. Ainda assim, me fizeram ver que falo frequentemente no passado. Me pus a pensar: por que não? Começa que a partir de uma certa idade temos muito mais passado do que qualquer outra coisa. O presente fica menor, empobrecido, já nada acontece de siginificante .... Resta a memória. O passado, uma criação no presente e uma reatualização no futuro, é que nos dá siginificado. Através da memória (tenho o maior pavor de perdê-la) construímos o futuro. E não o contrário (quem é jovem tem dificuldade de entender isto).
A velhice (ops!) já me disseram para não usar este ' palavrão'. Teimo! Detesto os seus sinônimos. A velhice tem que ser pensada como uma constante presença do passado. Ora, se a a infância foi a projeção do futuro, a vida foi o que aconteceu no meio, entre a perda dos sonhos e o acúmulo de memórias. Ainda que estas eventualmnte nos provoquem o mal-estar por nossas escolhas equivocadas e as consequentes renúncias em que importaram (há ainda que considerar o papel dos acasos e coincidências em nossos (des) enconcontros e trombadas). A este mal-estar provocado pela eterna e inútil indagação sobre o caminho que não seguimos e as escolhas que não fizemos vem se somar a ansiedade que emerge de sua irrealização, as memórias de um fato irrealizado...Seja como for, a persistência da memória nos obriga a (re) pensar nossas estórias, se existiram como as lembramos, se não passam de interpretações, se caímos nas peças em que nos prega a memória, tão esquecida e tão passível de criatividade espontânea, recriando-se e nem por isso menos válida...
Arranjem-me um presente. Garanto que saberei vivê-lo plenamente!

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