agosto 23, 2009

Da fumaça ao perfume


"Há três mil anos, sacerdotes invocavam os deuses pela queima de ervas. A origem da palavra perfume vem daí, já que em latim per fumum significa "pela (por meio da) fumaça". Quando o homem descobriu o fogo, percebeu que, ao queimar, determinados arbustos e resinas exalavam um intenso cheiro. E passou a utilizar essa fumaça perfumada em rituais relacionados à sua vida espiritual.
As primeiras referências históricas importantes provêm do Oriente, especialmente do Egito, onde oferendas perfumadas seguiam juntos para os túmulos dos grandes faraós. Na Tumba de Tutancâmon (que morreu em 1324 a.C.), por exemplo, foram encontrados óleos aromáticos de cedro, mirra e zimbro.
Pouco antes do início da Era Cristã, os romanos costumavam usar óleos essenciais para rituais religiosos e funerários, para perfumar não somente o corpo, mas também a mobília da casa. Na Idade Média, a busca pela pedra filosofal levou os alquimistas a realizarem inúmeras experiências que contribuíram no desenvolvimento de processos fundamentais para a indústria da perfumaria. A partir do século 19, o perfume ganhou status de quase-remédio, usado para tratar depressão e enfermidades nervosas.
Estrutura e corpo de um perfume
O sentido do olfato é um dos principais sentidos dos animais, pois auxilia diretamente na complexidade de reações de sobrevivência. Ajuda a identificar coisas ruins ou boas. Uma maçã vermelha, por exemplo, pode parecer boa, mas o seu cheiro poderá sinalizar que está estragada.
Tanto para o homem primitivo quanto para muitos animais, um faro apurado fazia a diferença - fosse para detectar a proximidade de um predador, fosse para avaliar se um alimento era venenoso. No curso da civilização, entretanto, o homem focou quase todas as suas atenções na comunicação por estímulos visuais e auditivos, e a dependência do nariz para asobrevivência foi reduzida.
Ainda assim, como testemunho da importância que um dia teve, nosso sistema olfativo mantém a capacidade de sentir aproximadamente 10 mil cheiros diferentes, ao passo que o paladar, por exemplo, aparentemente muito mais presente em nossa vida do que o olfato, pode avaliar somente quatro gostos diferentes: doce, salgado, azedo, amargo, e são estes os quatro tipos de gostos primários que sentimos. As fragrâncias, por sua vez, podem despertar memórias e afetos.
Para a criação de um perfume, vários elementos naturais e sintéticos, como frutas, madeiras, resinas, flores, e compostos químicos são escolhidos e combinados por perfumistas, os quais podem levar anos para chegar na combinação perfeita. Da concentração das essências, óleos e álcool é que surgem os tipos de perfumes que conhecemos:
Perfume, Parfum ou Extrato: é o que tem o cheiro mais persistente, com concentração de óleos essenciais em torno de 15% a 20% e álcool 96%. Dura na pele entre 12 a 20 horas;
Eau de Parfum: tem o cheiro mais sutil, com concentração entre 10% e 15% de óleos essenciais e duração na pele entre 6 e 8 horas;
Eau de Toilette: a idéia é transmitir o lado mais refrescante do perfume, com concentração que pode variar de 5% a 10%, e duração na pele entre 4 a 6 horas; Eau de Cologne: a base, simplificada, apresenta uma concentração de 3% a 5%, com pouca duração na pele, ideal para o pós-banho.
Quando usamos um perfume, independentemente da quantidade da concentração que a fragância apresente, existem três etapas diferentes de odores que ele exala, antes que se fixe o seu cheiro definitivo:
Notas de cabeça ou saída: é a primeira impressão do perfume, é o que sentimos ao abrir o frasco. Como são voláteis, evaporam nos primeiros cinco ou dez minutos.
Notas de corpo ou coração: surgem alguns minutos após a aplicação. É a identidade dos perfumes. Duram duas horas em média.
Notas de fundo: são as mais fortes e consistentes. Elas são as que marcam presença e que ficam até o final do tempo de fixação do perfume (o que varia de pele para pele)."
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Leia a continuação - Hora H por Ricardo Oliveiros, clicando no título.

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