julho 05, 2009

A eternidade e o desejo

"A eternidade e o desejo são duas coisas tão parecidas, que ambas se retratam com a mesma figura. Os Egípcios nos seus jeroglíficos e antes deles os caldeus para representar a eternidade pintaram um O: porque a figura circular não tem princípio, nem fim; e isto é ser eterno. O desejo ainda teve melhor pintor que é a natureza. Todos os que desejam, se o afecto rompeu o silêncio e do coração passou á boca, o que pronunciam naturalmente é O (.)e como a natureza em um O deu ao desejo a figura da eternidade, e a arte em outro O deu à eternidade a figura do desejo; não há desejo, se é grande, que na tardança e na duração não tenha muito de eterno." (Antonio Vieira - Sermão de N.Senhora do Ó)
Os personagnes de Ines Pedrosa neste romance intitulado A eternidade e o desejo percorrem os mesmos lugares visitados no século XVII pelo jesuíta Padre Antônio Vieira. Para ela “Vieira não foi apenas nem sobretudo um padre. Foi um magistral escritor e orador, um pioneiro dos direitos humanos e um bom diplomata, embora nem sempre acertasse nas causas e nos apoios. (...) Era um voluntário da ingenuidade, como costumam ser as pessoas que nascem com a mania de melhorar o mundo”.
No romance, entremeado em negrito de citações dos seus Sermões , a historiadora e professora universitária portuguesa Clara viaja para o Brasil acompanhada de um amigo que lhe empresta a visão das coisas e das cores, para seguir as pegadas de Antonio Vieira. Regressa à Bahia, onde há tempos perdeu a visão e um amor e, inspirada pelos seus contrastes, encanta-se pelo candomblé e seus orixás. 
Além da oportunidade de conhecer alguns trechos dos Sermões, não me despertou qualquer interesse ou gosto pela leitura. Nada.

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