março 04, 2009
Canções de Amor
Este comentário traduz, em parte, a opinião do crítico da Folha.
"O que pode ser mais delicioso para um cinéfilo do que levar a(o) namorada(o) ainda não convertida(o) a esse estranho culto e ambos adorarem o filme por motivos que nem precisam ser os mesmos?"
Trata-se realmente de um filme de amor e, na melhor tradição do cinema francês, é um "amor movido por ligeiras libertinagens". Ao abordar o tema "numa época em que filmes se nutrem de uma espécie de queixa sobre a impossibilidade desse sentimento, Honoré expande as conexões afetivas entre personagens com a intenção evidente de não cair na armadilha do fantasma romântico." A abordagem do caso de amor não é feita diretamente, mas "pelas margens, pelos espaços livres onde os fluxos afetivos circulam. O que o filme ganha com isso está em desfazer as associações da conexão amorosa com sua frustração ou bloqueio, o que já se converteu em mais que um clichê da contemporaneidade.".
Banalizada a canção de amor faz com que não seja antiquado dizer a perda ou enunciar a paixão. Por outro lado, o fato de ser cantado não passa a impressão de um filme ultrapassado, na medida em que adota a linguagem do videoclipe. Tem-se a impressão de que, se os personagens se limitasssem a falar, soaria tudo meio falso. Como eles cantam e estamos no cinema, acreditamos e nos identificamos sem pudores.
"Se alguém ainda conseguir resistir, não custa lembrar as palavras de uma das mais apaixonadas personagens do cinema, a Mathilde de Fanny Ardant em "A Mulher do Lado", de Truffaut: "Eu só ouço canções porque elas dizem a verdade. Quanto mais idiotas, mais verdadeiras elas são. Aliás, elas não são idiotas. O que elas cantam? Não me abandone... sua ausência me destruiu... sem você eu sou uma casa vazia... deixe-me ser sua sombra... ou... sem amor, ninguém é nada".
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