
De tanto ouvir falar em crise, recessão e quebradeira, era para todo mundo estar mais preocupado com o que se prenuncia para 2009.
Tenho visto projetos de troca de carro, compra de imóvel e viagem para o exterior sendo adiados. Com a exceção óbvia do ignorante de sempre, quem vive do seu trabalho começa a pensar um pouco mais antes de dar passos mais largos e assumir compromissos maiores, de médio ou longo prazo.
Mudanças radicais já são registradas no comportamento dos consumidores em países mais diretamente afetados. Entre nós, alterações ainda não se fazem notar. Que o digam os números das vendas de natal e o fato de os shoppings continuarem cheios de gente comprando e comprando. Ainda não houve tempo nem para pagar a fatura do cartão de crédito nem para desfrutar do que foi adquirido ou ganho de presente natalino, no entanto as lojas estão (continuam) cheias. Comentei isto aqui em casa e ouvi que não sendo uma jovem, não desejo tantas coisas. Será verdade? Aqui não se doura a pílula, nossa autoestima está sempre posta à prova. Mas não é bem assim. Tenho meus "sonhos de consumo". Apenas não são mais os mesmos. Por exemplo, passei semanas procurando pastis. Isto não conta?
Por outro lado, se estivesse nestas alturas comprando por impulso, algo estaria errado comigo. Em outra área pode até estar, mas isto é outra conversa...
Ensaiei pensar que se essa gente enquanto está nas filas (para o provador, para o caixa, tem fila para tudo) aproveitasse para procurar saber o que está acontecendo na sua cabeça. Se na hora de se decidir por uma compra, se perguntasse: "eu quero porque sim" ou "eu quero porque preciso"?
Seria de grande efeito. Fiquei imaginando as pessoas desistindo, saindo das filas, largando as tão disputadas peças (a mulherada trava uma verdadeira batalha).
Seria um fenômeno a ser objeto de estudo!
Isso sem colocar em questão o conceito de “necessidade”, nem tampouco querendo classificar as coisas como “supérfluas” e “essenciais”. Aí sim, teria sempre alguém para achar que o supérfluo é necessário o que levaria a uma discussão interminável, sobre o sexo dos anjos.
A única conclusão plausível é a de que realmente não entendo nada quando o assunto é consumir. Logo eu que tenho tantos sapatos que tenho até vergonha de contá-los.
Deve ser por isso.
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