Este é um trecho do artigo do MARCELO COELHO na FSP. Vejam como é isto mesmo.
Os Doutores do Pessimismo.
"NÃO É PRECISO ser um grande gênio para constatar que vivemos num mundo bárbaro.
Que o ser humano é capaz das maiores atrocidades. Que a vida é feita de competição, inveja, egoísmo e crueldade.
Ninguém precisa ter vivido num campo de prisioneiros na Sibéria nem ter sido moleque de rua no Capão Redondo para saber disso. Mas virou moda entre muitos intelectuais e jornalistas anunciar uma espécie de "visão trágica" do mundo, como se se tratasse da mais surpreendente novidade.
Com certeza, há nisso uma reação saudável contra o excesso de otimismo. Durante o século 20, grande parte da esquerda não quis ver as barbaridades cometidas por Stálin e Mao porque, em última instância, "tudo iria dar certo". Belas esperanças tornaram-se pretexto para atos de horror. Nada mais correto do que denunciar o horror.
O que me parece estranho é que, mais do que denunciar o horror, esses pensadores trágicos e jornalistas sombrios gostam de destruir as esperanças.
O reconhecimento do Mal, a crítica à violência da esquerda, a percepção de que ninguém é "bonzinho" e de que a realidade é uma coisa dura e feia vão se transformando em algo próximo do fascínio.
E, com diferentes níveis de elaboração e de cortesia pessoal, esses autores tendem a fazer do fascínio uma estratégia de choque.
Quanto mais chocarem o pensamento corrente (que considera ruim bombardear crianças e bom defender a Amazônia, por exemplo) mais ganharão em originalidade, leitura e cartas de protesto. Parece existir uma competição nas páginas dos jornais e na internet para ver quem conseguirá ser o mais "durão", o mais "realista", o mais desencantado.
....."
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