Andei escrevendo que ter um blog era aconselhável como terapia. Apontei uns estudos que sustentavam e comprovavam esta tese. Uns dias depois li que, hoje em dia, um blog é considerado uma ferramenta fundamental na contratação de pessoas. Estas através do blog são avaliadas quanto ao texto, como desenvolvem ideias, de quais temas gostam e como reagem a algumas situações, como a críticas e a ataques nos comentários. A matéria concluía dizendo que "o blog é uma mistura de currículo com dinâmica de grupo".
Evidente que para mim funciona a primeira parte, da terapia, inclusive no aspecto ocupacional e a última da dinâmica de grupo. Quem lê o blog não imagina o que se passa. Eu continuo me surpreendendo a cada dia. O que já é um bom motivo para mantê-lo.
Por exemplo, a postagem sobre o tempo que foi uma resposta (não fosse isso algumas aspas não faziam sentido) não recebeu nenhum comentário no lugar próprio. No entanto, via e- mail, recebi comentários que nos proporcionam uma reflexão muito mais rica e profunda do que o texto que lhes deu origem. Esta foi a razão de transcrevê-los, embora que, por razões óbvias, apenas parte deles:
"Zélia, desculpe te encher com mais um tema, mas a culpa é tua que pões tantas coisas interessantes e/ou instigantes no teu blog. Não podia me passar batido a questão do Tempo. Eu também tenho minhas preocupações ou faço minhas conjecturas sobre o Tempo, não necessariamente iguais às tuas. Tenho, antes de tudo, de dizer que gostei muito do modo como o texto foi tecido. Gostei das histórias das toalhas. Eu, na verdade, não parei direito para pensar como estou contando o Tempo."
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"Nas minhas relações, sobretudo amorosas, com gente muito mais jovem que eu, o que mais me maltrata ou intriga é a pouca [ou nenhuma] importância que dão ao tempo, acham que todas as oportunidades voltarão ou não acham nada, pois seu tempo parece não ter ainda medida nenhuma. Mas para mim, aquela ida ao cinema não-realizada, aquele abraço impedido, aquela troca de notícias evitada, tudo significa(va) perda de tempo, só que no seguinte sentido: o tempo não volta, ele se foi.
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....vou te mandar uma música muito bonita da Rita Ribeira em que ela sugere fazer um acordo com esse Senhor do Universo tão implacável. Eu mesmo o coloco como o verdadeiro Deus, vejo-o na mesma imagem, ou, por que não?, na mesma linha de um Mefistófeles, da necessidade de um faustiano acordo com o diabo para podermos gozar um pouco mais do que ele, nos permita. Daí eu insistir nas histórias de intensidade, coisa que sei que já puseste muito em prática. Viver de forma intensa pode ser uma das saídas para tentar viver o máximo de coisas possíveis."
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"A Busca da Verdade, como máxima filosófica, deveria, antes de mais nada, passar por uma compreensão do tempo. Busca de Amor deveria pressupor entender o que ou quem é o Tempo. Busca da cura de doenças deveria passar com mais rigor por uma análise bem acurada dos comandos do tempo."
O significado do tempo exerce muito fascínio sobre todos nós. E não podia ser diferente visto que está intimamente ligado à preocupação mais profunda e inquietante da humanidade: a mortalidade. A consciência que temos de que nosso tempo de vida é finito está por trás de todas as angústias que nos afligem.
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