dezembro 04, 2008

AUTO-AJUDA

Que está na moda escrever romances a partir de obras de arte dá para perceber pelos inúmeros títulos relacionados à música, pintores e seus trabalhos artísticos. Nos que li, as tramas se desenvolviam numa faixa indefinida entre ficção/realidade e uma reconstrução de época, em geral,interessante. De concreto, a obra referenciada, dados biográficos do artista, fatos conhecidos de sua vida e, no mais, pura fantasia. Tais ingredientes nas mãos de alguns resultaram em boas estórias, como as de Trace Chevalier, dentre outros autores comentados em postagens anteriores (v. literatura).
Estão indo mais longe no aproveitamento deste "filão". Surpreendi-me diante de um livro de auto-ajuda inspirado em ninguém menos que Michelangelo Buonarroti, o genial artista do Renascimento italiano. O livro chama-se: O Método Michelangelo - Revele sua obra-prima e crie uma vida extraordinária. Conseguiram extrair do seu trabalho a mensagem de que existiria uma obra-prima dentro de cada um de nós (!?), que pode ser revelada por meio da determinação e da superação de obstáculos.
Rejeições à parte, alguém sabe me explicar por que passamos a precisar tanto deste tipo de leitura?
São poucas as variações existentes nas receitas para sucesso e/ou felicidade: reconhecer suas habilidades e talentos, explorar seus pontos fortes e conciliá-los com seus valores . Está pronta a fórmula, mudam apenas embalagem e apresentação. Ou estou equivocada?
No caso do Método Michelangelo seriam etapas: visualize sua obra interior, descubra o seu dom, capitalize seus pontos fortes, comprometa-se firmemente com seus ideais, planeje primeiro e depois apare as arestas, encontre o apoio de que precisa, lute por seu ideal, use sua própria experiência de forma criativa, force os seus limites e viva com integridade.
A crítica diz que “...o paralelo que eles (os autores) estabelecem com a trajetória de Michelangelo e as informações sobre o contexto da época acrescentam charme e valor ao livro.” (do blog máquina de escrever)
Michelangelo esculpiu a Pietà e o David, antes de completar 30 anos. É também o autor de pinturas monumentais do Gênesis e do Juízo Final, no teto da Capela Sistina e do projeto da cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma.
Sinceramente, não consigo imaginar a “ginástica” dos autores, para extrair de tais obras as mensagens e conclusões...
Mas é possível que já se encontre nas listas dos mais vendidos.
Alguém pode me responder, por que?

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